quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FILME CHICO XAVIER: 08/agosto


Chegadas e partidas


O set hoje tem chegadas e partidas… Voltam ao estúdio Tony Ramos e Christiane Torloni – que rodaram uma única cena, no primeiro dia de filmagem, em 29 de junho. A atriz Laura Cardoso faz uma passagem-relâmpago – e iluminada – pelo set, em participação especialíssima. E se despede de Chico Xavier a professora de prosódia Babaya – que, com Cynthia Falabella, preparou o elenco para que o mineirês soe natural e espontâneo.

Mas Babaya fez mais do que isso. Amiga pessoal do ator Luís Mello – que a indicou para a prosódia de Chico –, a mineira de Cássia é cantora, professora de técnica vocal, tem uma escola de canto em Belo Horizonte e trabalha muito com teatro (há mais de 20 anos com o Grupo Galpão, por exemplo). Em Chico Xavier, se Cynthia preparou Matheus Costa para viver Chiquinho, Babaya, além de aprimorar o sotaque dos atores, foi a responsável pela unidade de timbre e tom entre Ângelo Antônio e Nelson Xavier. “Costumo dizer que o sotaque é o produto final de todo o meu trabalho. O que queríamos fazer, e conseguimos, foi trabalhar a intenção do texto, o que há por trás do que eles vão dizer. Tudo isso resulta em um sotaque natural, intuitivo”, explica. Por isso, Babaya prefere chamar seu trabalho de direção de texto.

Além do profissionalismo, Babaya cativou a equipe com seu jeito suave, discreto e gentil. Quando não estava trabalhando com seus atores, ficava quietinha em um canto do set fazendo palavras cruzadas. Sempre sorrindo. Hoje, apesar de ser seu último dia, preferiu não se despedir. “Quem sabe ainda precisam de mim em ‘edição extraordinária’…”, diz.


A professora de prosódia Babaya passa o texto com Nelson, em sua despedida de ‘Chico Xavier’ (fotos de Ique Esteves)




Christiane e Tony voltam ao filme para a fase “anos 70”. Antes de entrar no cenário da Herbert Richers, Christiane e parte da equipe rumaram para o hospital Ordem Terceira do Carmo, pertinho dali, para uma cena rápida, mas muito emocional. E quando se reuniu com Tony, na sala maquiagem do estúdio, o “casal” no filme aproveitou para passar o texto da primeira cena. Que é só a primeira: daqui pra frente, serão muitas cenas com os dois.

Pouco mais tarde, chega Laura Cardoso, para uma participação especialíssima: sua personagem, Vera Alves, é uma junção de duas atrizes, Vida Alves e Vera Nunes. “E Laura Cardoso também”, acrescenta a atriz, que foi contemporânea das homenageadas, tendo trabalhado juntas na antiga TV Tupi de São Paulo.

Laura Cardoso posa diante de sua foto na parede do cenário onde gravou





As seis cenas de hoje se passam, justamente, nos corredores de uma estação de TV. Nos corredores, fotografias antigas de grande nomes da televisão brasileira, como Eva Wilma, Carlos Zara, Gianfrancesco Guarnieri, John Herbet, Luís Gustavo e… Laura Cardoso. “A-mei!!”, grita Laura, ao ver suas duas fotos no set. “Eu era linda, uma graça!”, vibra a atriz que, ao andar pelo corredor cenográfico, mostrou-se saudosa. “O cenário está perfeito, era assim mesmo”, lembra.

Mas para ficar perfeito, os cenotécnicos tiveram trabalho. E o início da filmagem atrasou. A demora aconteceu por conta de uma junção de fatores, que devem ser estrategicamente conjugados para se encaixarem no tempo certo. Mas por uma mudança no plano de filmagem, alguns destes fatores tiveram que ser antecipados – o que gerou o atraso.

Daniel dirige Tony Ramos nos corredores da `Tv Tupi`, observado pelo diretor de fotografia Nonato Estrela, o chefe da maquinaria Vô Du e o operador câmera Gil Otero








O tempo de espera para Daniel, Christiane Torloni e Tony Ramos (Laura só chegou à tarde) foi recompensado por um bom papo. Os temas: as gravações da novela, leituras espritualistas, fé, sofrimento e religiosidade. E Chico Xavier, claro. “A gente conhece o sofrimento dos mais próximos, mas imagina o sofrimento dele com a dor de todos”, indaga Christiane.
Antes do início do set, Daniel e Christiane conversam sobre religiosidade no camarim do elenco






Enfim, com tudo pronto no set, o dia começa com a filmagem de uma cena antes do almoço. Na volta, serão cinco a serem rodadas – e todas com o “elevador” cheio de figurantes. Mas então Laura entra no estúdio e, bem-humorada e falante, levanta o astral no set. Ao vê-la, Tony faz uma reverência: “Mamadi!”, diz o ator, imitando seu personagem, filho de Laura na novela Caminho das Índias.

Enquanto esperam pelo próximo plano, dentro do cenário, o papo volta a ser animado, com todos contando histórias da televisão – afinal, estavam na roda Nelson Xavier, Laura Cardoso, Tony Ramos e Daniel Filho. Uma parte essencial da história da TV brasileira. “Para um ator, não existe a `participação especial`. Especial é você ser convidado a fazer parte de um projeto como este, nem que seja uma passadinha só”, diz Laura, após a animada conversa. “É uma honra trabalhar com Daniel de novo. Já fiz três ou quatro trabalhos com ele, que sabe o que pedir para o ator porque é um ator maravilhoso”, diz. E parte para sua cena: uma passagem rápida, em take único, mas com uma sensibilidade que emocionou até a diretora-assistente Cris D`Amato.

Outra pequena cena entre Tony e Nelson também sensibilizou muita gente. Inclusive Tony e Nelson. “Quem conheceu Chico sabe como está lindo o seu trabalho”, diz o primeiro para o segundo. E um longo abraço sela o momento…

Laura Cardoso passou como um furacão por Chico Xavier. Chegou, trouxe alegria e emoção ao set e despediu-se ao fim do dia, com um lindo buquê de rosas vermelhas… “Dona Laura! Que faz de um plano um filme!”, agradeceu Daniel.

Na outra despedida, Babaya passou com Nelson as falas de Chico para hoje. Mas, como o ator só entrou para filmar as últimas cenas do dia, lá estava a professora de prosódia com suas palavras cruzadas na mão. E então a surpresa: na primeira página da revistinha, veio a pergunta das cruzadas: “Ator, diretor, cineasta e produtor de TV, este brasileiro contribuiu notavelmente para o crescimento do cinema nacional (…).” Alguém sabe responder? Uma dica: é o diretor de Tempos de paz, Se eu fosse você 1 e 2, A partilha, Primo Basílio… e de Chico Xavier.

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