Problemas solucionados!
A noite de ontem foi tensa. Após sair do set da cachoeira, o produtor executivo Julio Uchoa resolveu fotografar as pintas no corpo do câmera Daniel Duran e enviar por e-mail para um dermatologista no Rio. Pouco depois, recebeu o diagnóstico: foi confirmado que ele está com catapora. Julio e Daniel seguiram imediatamente para São João Del Rey, onde o diagnóstico foi corroborado por outro médico. Agora está tudo bem com ele mas, por ser contagiosa, a doença afastará Daniel Duran do set por, pelo menos, 10 dias.
Mais um contratempo a ser solucionado – ainda mais sendo um profissional como Duran, que pilota a câmera da grua. Pela manhã a produção partiu em busca de alguém com disponibilidade para substitui-lo. O maior problema é o tempo: ele tem de estar no set amanhã – e muitos dos que foram contactados já estavam em outros sets ou comprometidos com algum trabalho. Mas ao fim do dia, Julio Uchôa dá a notícia: “Pronto! Teremos Sandro Galvão no set amanhã!”, grita, com seu costumeiro entusiasmo. “Galvão finaliza hoje uma campanha publicitária e é um excelente nome para nós”, continua Uchôa.
Outro problema também está encerrado: a “novela” David Nasser foi resolvida. Quem irá viver o jornalista que vai ao centro espírita desafiar Chico Xavier é o ator Charles Fricks, indicado ao prêmio Shell ao prêmio de melhor ator pela peça Artimanhas de Scapino. O martelo foi batido hoje cedo e amanhã de manhã ele já estará se juntando à equipe na Pousada Pequena Tiradentes. “Foi uma sorte Charles ter um espaço na agenda para fazer. Quando ocorreu o problema com Michel Bercovich, fizemos várias reuniões de produção para saber que tipo físico de ator chamaríamos. A gente só sabia que tinha que ser um excelente ator. Chegamos ao Charles. Melhor, impossível!”Esse é o Julio Uchoa!
Charles Fricks chega em boa hora. Porque hoje também aterrisou no set o ator francês – radicado na Argentina – Jean Pierre Noher, que será Jean Mazon, fotógrafo e companheiro de Nasser na reportagem que foi publicada na revista O Cruzeiro em 1944 e que expôs Chico em texto e fotos. Jean Pierre acompanhou várias cenas externas, mostrando entradas e saídas de Chico, de seu irmão José, do pai João Cândido e do sobrinho Altair do Centro Espírita Luiz Gonzaga e da casa de João Cândido.
Apesar de morar na Argentina, Jean Pierre já fez sete filmes no Brasil, uma mini-série e recentemente interpretou o personagem Pepe Molinos na novela A favorita. “ Conheci Daniel Filho em 2000, quando recebi o prêmio de melhor ator em Gramado por Um amor de Borges. Sempre quis trabalhar com ele no cinema e, finalmente, estou aqui”, disse Jean Pierre, enquanto observava a cena de Ângelo Antônio e Oswaldo Mil (o irmão de Chico, José).
A visita ao set também teve uma função de “laboratório” para o ator. O fotógrafo still Ique Esteves, que faz as fotos de cena e dos bastidores de Chico Xavier – mostrou a Jean trejeitos de um fotógrafo no trato com sua máquina, o comportamento diante do fotografado e deu dicas sobre como manusear a câmera que será usada – uma Rolleiflex 1940: rodar a manivela lateral para passar o filme, onde fica o foco, o diafragma…
O dia no set foi corrido para o figurino. As externas mostravam três épocas diferentes – 1930, 1940 e 1950 – e havia muitas trocas de roupa, inclusive para os 45 figurantes. “Está tudo organizado, mas sempre é uma corrida, pois imediatamente antes de gravar passamos a roupa do elenco, que fica pendurada e sempre dá uma amassadinha”, conta a figurinista Bia Salgado.O assistente de figurino Alex Brollo – responsável pela figuração – ensina o truque para controlar quem é quem e a qual década pertence: “Colocamos um cartãozinho no bolso de cada figurante indicando a época. Isso facilita muito os assistentes de direção na hora de armar a cena”, conta Alex, que ainda dá a dica: “Quando o figurino para os habitantes de Pedro Leopoldo foi elaborado, trabalhamos com a moda da década anterior. Naquela época, a cidade não recebia as informações da última moda na capital, por isso não vestiam as roupas mais atuais. O terno branco, por exemplo, que era um hit da moda nos anos 30, só é usado por figurantes com mais dinheiro e informação”, diz o assistente de figurino.
Hoje, ninguém foi mais feliz no set do que Manoel Carlos – um senhor escalado para ser figuração na fila diante do Centro Espírita Luiz Gonzaga. Ele foi escolhido por Daniel Filho para ganhar uma fala (”Seu Chico, trouxe essa galinha para o senhor…”) e, diante da orientação do diretor (”Fala com essa força que o senhor tem, seu Manoel Carlos!”), ele estufou o peito e fez a cena com firmeza. “Para conseguir contactá-lo para o set, tive que ir até sua casa, bem humilde, à noite. Ele não tem telefone nem um telefone para recado…”, contou Bruno Garotti, segundo assistente de direção. Um dia inesquecível para “seu” Manoel Carlos.O elenco de Chico Xavier está quase completo em Tiradentes. À tarde chegaram Cássio Gabus Mendes, Ana Rosa, Anselmo Vasconcelos, Carla Daniel, Cacá Dias… O time cresce! Mas também houve mais um pequeno susto no set. A responsável pelos figurantes, Sylvia Oliveira, teve uma luxação no braço, após tropeçar no cenário.
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