terça-feira, 29 de setembro de 2009

FILME CHICO XAVIER: 06/agosto

Rosas para Ângelo e Matheus


E a casa de Chico veio abaixo… No estúdio A da Herbert Richers, o cenário reproduzindo a casa de Chico Xavier em Uberaba já cumpriu sua função. Em seu lugar será montado o Centro Espírita, e bem ao lado dele estarão os corredores de uma TV e o switcher – que já estão em fase de pintura e quase pronto para ser “dressado” (quando serão colocados os móveis, equipamentos e acessórios de cena).

Por enquanto, este espaço é apenas dos cenotécnicos, porque as cenas de hoje serão feitas na estrutura do prédio da Herbert Richers: o set é um camarim e na sala ao lado estão montados o Video Assist e o som.

Será usada uma lente chamada Macro, usada para filmar coisas microscópicas. A lente encantou Daniel, que resolveu filmar seu olho: “Verdão, hein?”, disse, a respeito de seus olhos pelo monitor. “Mas tá enrugadinho, enrugadinho…”, analisava. “De perto ninguém é normal, Daniel”, brinca o gerente de imagem digital Miguel Lindenberg.

Gil Otero e os assistentes de câmera Silvia Gangemi e Tiago Rivaldo preparam a cena com a macro, com Gabriel Santucci, responsável pelo Video Assist, de modelo para a marcação (fotos de Ique Esteves)




Na cena, há um assistente de produção (vivido por Pablo Sanábio). Neste personagem, Daniel faz uma homenagem a um grande amigo, que foi seu assistente na primeira versão da novela Roque Santeiro – a que foi vetada pela censura. No crachá do rapaz está escrito: José Carlos Pieri.

O set apertado de hoje – apenas o camarim e o corredor – deu a Daniel mais espaço no “elevador”. Explica-se: uma das coisas que mais irrita o diretor é o excesso de gente no set. Sempre que isso acontece, ele pede: “O elevador está cheio! Vamos esvaziar o elevador!”. Hoje, só fica quem é essencial para fazer o elevador subir.

Uma curiosidade sobre o dia: hoje serão filmadas a primeira e a última cenas do filme. Exatamente a abertura e o encerramento. Duas cenas de forte impacto.

Pouco antes do almoço, Ângelo Antônio chega ao set – para seu último dia como Chico Xavier. Encontra-se com Matheus Rocha – que também diz adeus a seu Chiquinho hoje – e assiste a uma das cenas de Nelson.

Antes de filmar sua última cena, que reúne as três gerações de Chicos, o ator dá entrevista para o making of do filme, dirigido por Gil Baroni. Alguns trechos:


“Pra compor o meu Chico, a primeira coisa foi ler o livro As vidas de Chico Xavier. Depois fui a Pedro Leopoldo e a Uberaba, conheci as pessoas que Chico conheceu, percorri os caminhos que ele percorreu. Isso me trouxe mais referências, mais detalhes, me fez pensar ainda mais na questão espiritual. Mexer com isso me fez revirar sentimentos, medos, sonhos… Pra buscar chegar à alma, à energia e à freqüência de Chico”, diz Ângelo.

Sobre trabalhar com Daniel Filho: “Foi um aprendizado. Já tínhamos trabalhado juntos na TV, e em A justiceira ele me disse: você é do cinema. O olhar dele pra tudo é impressionante. E ele foi muito generoso: plantou uma semente e me deixou livre pra colher. Foi bom jogar com Daniel. Dentro e fora de campo.”

Outra pergunta se refere à semelhança entre o ator e um médium. Existe? “Todos nós somos antenas, alguns mais, outros menos preparados para receber sinais. A forma como traduzimos isso é que talvez faça a diferença da linguagem simbólica entre o ator e o médium. A gente vai atrás dessas conexões com o inconsciente coletivo, com o sentimento e a emoção.” Isso é um pouquinho de Ângelo Antônio – e um pouquinho do que ele emprestou ao seu Chico. O resto, só no making of…

Outra despedida sentida por todo mundo foi a de Matheus Costa, 11 anos, que além de encantar a equipe com seu profissionalismo e talento, cativou a todos pelo jeitinho educado e alegre, sempre receptivo a um bom papo ou a uma brincadeira. Matheus esteve no set para rodar a última cena do dia, em que os três Chicos – de alguma maneira – se encontram (é claro que como isso acontece é um segredo de estado…).

A equipe se transfere para o estúdio B da Herbert Richers. Ao chegar lá, Daniel mostra, discretamente, a Ângelo e Matheus, um pequeno “filme sobre o filme”, feito para a Secretaria de Cultura de Paulínia. Sem fins promocionais, o filmete é como um trailer, com algumas cenas já editadas das várias fases de Chico. Só que o boca-a-boca faz o Video Assist encher. Ao final, eram mais de 30 pessoas assistindo – e aplaudindo essa primeira amostra do que será o filme depois de pronto. Elevador cheio. Mas dessa vez passa…


E então a festa de despedida. Daniel vai para o centro do estúdio com o já tradicional buquê de flores na mão. Aliás, dois buquês: um para Ângelo, outro para Matheus. “Terminam o filme hoje dois grandes atores, para quem eu peço o que vocês sabem fazer de melhor!”, e o set veio abaixo, com uma salva de palmas emocionada de dois minutos. Ângelo levanta o buquê como um corredor de Fórmula 1 levanta o troféu ao final da corrida; Matheus, como se tivesse acabado de fazer um gol. “Foi um privilégio trabalhar com você”, diz o experiente operador de câmera Gil Otero ao pequeno Matheus. “Você é campeão, viu? Não mude!”, aconselha Daniel ao menino, e depois cochicha alguma coisa no ouvido de Ângelo. Um agradecimento ao pé do ouvido entre diretor e um de seus protagonistas…

Os ‘campeões’ Ângelo Antônio e Matheus Costa, aplaudidos por Daniel Filho e por toda a equipe, que se despediu dos dois, emocionada






Para coroar o momento, o still do filme, Ique Esteves, programa a máquina fotográfica para registrar toda a equipe – que amanhã estará de folga – de Chico Xavier. Na foto, a família celebra o trabalho de dois de seus integrantes… mas vai sentir muito a falta deles.



Um último momento do dia de hoje: desde o início das filmagens, houve quem cultivasse a expectativa quanto a manifestações mágicas ou inexplicáveis no set, por conta do tema e do personagem do filme. Para a frustração ou surpresa de muitos, nada aconteceu. Até hoje.

Pouco depois de apresentar o trailer para Paulínia, e ao iniciar a última cena do dia (e do filme), com os três Chicos presentes no estúdio, um forte cheiro de rosas foi sentido por algumas pessoas da equipe: a continuísta Glaucia Pellicione, a maquiadora Rose Verçosa, a assistente de câmera Silvia Gangemi e o produtor-executivo Julio Uchôa. Num cantinho do set à meia-luz, logo atrás do Video Assist onde estava o diretor – e que exibia, nos três monitores, o Chico criança, o Chico jovem e o Chico maduro. Rosas…

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