Cena forte e micuim
Os atores Ana Rosa, Anselmo Vasconcellos, Cassio Gabus Mendes, Carla Daniel e Cacá Dias, que chegaram ontem à noite, já estão no set para uma cena que reúne amigos e parentes de Chico. Um cortejo. Nas ruas de pedra de Tiradentes – quer dizer, Pedro Leopoldo – João Cândido, pai de Chico, se desespera, enquanto a passos lentos o cortejo sobe a ladeira. Aplausos para Luís Mello ao final.
Esta é uma das cenas de hoje. Mas o que aconteceu atrás da linha que limita o set foi engraçado: uma turma de adolescentes invade a Rua da Câmara, em frente a Igreja da Matriz. Era uma excursão de um colégio de Três Corações – e os 42 alunos, quando souberam que a caravana de Chico Xavier estava na cidade, correram para o lugar. “Olha, é o diretor da televisão”, dizia um. “É filmagem de JK?”, perguntava outro. E quando Ângelo Antônio passou entre eles, as meninas enlouqueceram. Enfim, isso acontece quando se filma na rua…
Quem se identificou com a cena – tirando a tietagem – foi o ator Cacá Dias, que interpreta Raimundo, outro irmão de Chico. “Fiz muita excursão de colégio pra Tiradentes quando criança. Não tem como conter a bagunça…”, contou Cacá, que décadas depois está de volta à cidade com Chico.
O elenco que gravou suas primeiras cenas hoje foi recepcionado por Daniel Filho, com um agradecimento pelo deslocamento dos que vieram rodar apenas esta cena. A atriz Ana Rosa, que vive Carmem Perácio (quem descobriu o dom de Chico ainda adolescente), não se incomodou nem um pouco. “Você não imagina como fazer este filme é importante pra mim”, diz a atriz, que é espírita desde 1976. E conta uma coincidência entre a vida dela e a de Chico: “Eu trabalhava na TV Tupi quando Chico foi ao programa Pinga Fogo (uma cena que está no filme). Mesmo não sendo espírita naquela época, lembro que também fiquei impactada por sua presença tão forte”, lembra Ana Rosa.
E David Nasser finalmente gravou sua primeira cena! O ator Charles Fricks veio direto do teatro em que está em cartaz no Rio para Tiradentes. “Foi uma loucura. Estudei o personagem no trajeto. Mas já estou fascinado por ele”, disse Charles, que ficou o dia todo ao lado do ator Jean Pierre Noher – Jean Manzon no filme –, como seus personagens, que nos anos 40 formaram uma dupla da pesada na revista Cruzeiro. Manzon inovou o fotojornalismo brasileiro; Nasser era um jornalista polêmico – o que a dupla fez com Chico, só vendo o filme pra saber.
Em gravação de externas – principalmente em uma cidade turística nas férias escolares – os imprevistos sempre podem acontecer. Hoje aconteceram: em uma das últimas cenas do dia, já com a luz do sol caindo, vários carros de turistas estacionaram no campo de filmagem. A solução foi cobri-los com carros de época. Mas então ficou parecendo um “estacionamento” com automóveis, o que não combina com a Pedro Leopoldo de 1930. Isso fez com que a cena fosse adiada para outro dia. Daniel afastou-se um pouco do set, sentou-se sozinho por um tempo e partiu para mais duas cenas pouco depois.
Nos bastidores, a catapora de Daniel Duran ainda rende: a produção providenciou vacinas para quem ainda não teve a doença. Ele já voltou para São Paulo e retorna em cerca de 10 dias. A farmacinha de primeiros socorros da produção também providenciou sabonete, remédios e pomadas contra micuim, um carrapatinho que atacou parte da equipe! Vacina, sabonete e reza forte para proteger a equipe de Chico!
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