sábado, 12 de setembro de 2009

FILME CHICO XAVIER - 21/julho

O outro Chico


A estrela do dia é Chico. E não é o Xavier.

Hoje é o primeiro dia de filmagem no Pólo Cinematográfico de Paulínia – e Chico Xavier está inaugurando o complexo do Estúdio 3. No mesmo prédio estão localizados o estúdio e mais o espaço para a base de produção, que inclui, além das salas para a produção e direção, uma sala para maquiagem e cabelo, outra para os atores, três salas de figurino, uma sala para câmera e som e um camarim para Daniel Filho.

Detalhe de um dos quartos da casa de Chico montada no estúdio do Pólo Cinematográfico de Paulínia



Aqui não há o stress de locações ou externas. Toda a estrutura de maquinária já está à disposição do chefe do setor, Vô Du. Chicão, comandante do platô, também não tem que ficar permanentemente no rádio com seus assistentes fechando e liberando trânsito. Nem “ abater” aviões que insistem em passar bem na hora de rodar…

A casa de João Cândido foi construída em duas semanas – quando o diretor de arte Cláudio Amaral Peixoto ainda estava em Tiradentes, mas deslocava-se para cá a fim de acompanhar o trabalho – mas teve o dressing (que significa “vestir” o cenário com móveis, objetos e acessórios de cena) feito em dois dias. Hoje cedo a correria ainda era grande. Mas quando Daniel chegou ao set, a casa (sala, cozinha e três quartos) estava pronta. Com direito a reprodução de cerca, plantas e varal de roupas, vistos através da janela. E mais o Green-screem. Técnica muito usada atualmente, que cerca o cenário com cenas previamente filmadas em Tiradentes.

Uma das primeiras filmadas cenas vale um doce: a ilusão do cinema permite que um detalhe da difícil externa de ontem seja reproduzida no ambiente controlado do estúdio hoje. Na tela, no entanto, ninguém vai perceber o que foi realizado aqui. Um doce a quem conseguir! Uma dica: é toda em Green-screem. Os meninos se sentiam o Harry Porter. Quatro Harrys.

Depois, Ângelo Antônio entra no set e Daniel o recebe com um “bem-vindo à sua casa!”. O ator passeia pelo cenário e se detém nos detalhes: um molho de chaves antigas preso com barbante no cabideiro perto da porta; velas com cera derretida pelo uso; o forro do sofá gasto; pedaços de tecido e novelos de linha sobre a máquina de costura. A cozinha e seu fogão a lenha, com legumes e verduras verdadeiros na bancada…

Enquanto isso, do lado de fora do estúdio, um cãozinho vira-lata desce de um dos carros da produção com sua dona, Sueli, e Belamir Freire, da produção em Paulínia. E já chega abafando: pula, abana o rabinho para todos, deita e rola na grama. Uma simpatia. Ele “interpretará” Lorde, o cachorro de Chico Xavier, e hoje faz uma cena densa com Ângelo Antônio.

O astro do dia: Chico, um vira-lata simpático que será Lorde, e que conquistou todos no set. Ele é tão paparicado que tem até dublê, seu irmão Rambo


A história de como o produtor o encontrou parece coisa de cinema. Ou de Chico Xavier… “Eu estava procurando um menino que jogasse pião, e percorri vários bairros mais humildes de Paulínia”, conta Belamir. “Perguntei a um rapaz se ele conhecia algum e de repente o cachorro dele pulou em cima de mim. Como também estava procurando o `Lorde`, e esse cachorro era ideal, comecei a fotografá-lo. Ele fez pose, pulou, brincou, não saía de perto. Mesmo quando fotografei outros cachorros da rua, ele se metia da frente da câmera. Parecia que estava pedindo para fazer o filme…”

Quando Belamir perguntou o nome do simpático a seu dono, ele ouviu: “Chico”. “Então eu tive certeza de que seria ele!”, diz. O resultado é o show de simpatia que conquistou todos – atores e equipe – no set hoje. O astro tem até dublê: Rambo, seu irmão, que poderá substitui-lo em caso de necessidade…

Enquanto Chico não grava, uma outra cena reúne quase todos os integrantes da família Xavier: Carla Daniel (que fez uma cena emocionante como Carmosina) e Larissa Vereza, duas das irmãs do médium, chegaram a Paulínia para mais cenas. Luís Mello também estava no set, 40 anos mais velho (a cena de hoje se passa em 1958). Também participaram, entre outros, Cacá Dias, Alexandre David e as atrizes Flávia Guedes, Andréa Caldas, Tânia Costa, Carla Kabé e Kika Freire. No total, havia 15 atores na cena – quando Chico Xavier começa a deixar Pedro Leopoldo. Uma movimentação entre eles, marcada por Daniel (marcação é o nome dado quando o diretor diz por onde os atores devem andar).






A maquiadora Rose Verçosa envelhece Luís Mello em 40 anos

Uma das paredes da sala cenográfica é retirada, para que uma “coreografia” dos bastidores seja realizada: a cena será filmada com a câmera de Daniel Duran, fixa no tripé, e a de Gilberto Otero, presa sobre o carrinho de trilho. Os microfonistas Ricardo Sequeira e Frederico Massine estão posicionados. Gilberto e o foquista Jorginho estão no carrinho, que é conduzido por Vô Du nos trilhos. Enquanto os atores se movimentam, as câmeras tem outra “marcação” – também planejada pelo diretor.

Pouco antes de começar a coreografia perfeita do pessoal da câmera: sobre o carrinho, de boné azul, o foquista Jorginho, um mestre


Os assistentes de câmera Daniel Xavier e Tiago Rivaldo batem a claquete e então a coreografia começa: Vô Du desliza o carrinho, Ricardo e Fred levantam os microfones para que Gilberto e Jorginho passem, enquanto eles dirigem a câmera para a cena. Vô Du traz o carrinho de volta, Gil faz o movimento de câmera, Ricardo e Fred dão um passo para trás. Esses são dois dos quatro movimentos dessa coreografia. Quase um filme por trás do filme, a história que ninguém verá no cinema…

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