Dia de folga, dia de Macarrão
Hoje é dia de folga para a equipe. Logo após o café da manhã no hotel onde a maioria está hospedada, a debandada é geral. Uns vão para São Paulo, a cerca de uma hora de Paulínia; outros, para Campinas, a 15 minutos daqui; outros ainda vão conhecer o Parque Ecológico de Paulínia, que abriga o zoológico municipal, e que fica bem em frente ao hotel – apesar da chuva que teima em cair na cidade…
Portanto, hoje há uma pausa nos bastidores da filmagem. É dia de relaxar. E de aproveitar para conhecer um personagem que não faz parte do filme, pouco fica dentro do set, mas que é conhecido de todos – principalmente do diretor Daniel Filho.
Portanto, hoje há uma pausa nos bastidores da filmagem. É dia de relaxar. E de aproveitar para conhecer um personagem que não faz parte do filme, pouco fica dentro do set, mas que é conhecido de todos – principalmente do diretor Daniel Filho.
Macarrão ao lado de Daniel, com quem trabalha há quatro anos e cinco filmes, em Paulínia (fotos de Ique Esteves)
Lindoaldo Carvalho de Oliveira, 32 anos, é o motorista particular de Daniel. Mais do que isso, é uma espécie de secretário pessoal do diretor – e não apenas quando está filmando. “Trabalho para o ‘seu’ Daniel desde o filme Muito gelo e dois dedos d`água. Depois, ele mandou me chamar de novo para Primo Basílio. E quando acabou a filmagem, quis que eu ficasse mais 15 dias. Depois mais 15. E estou até hoje”, conta Macarrão, como é conhecido por todo mundo.
São quatro anos e cinco filmes juntos. Depois de Primo Basílio, Macarrão acompanhou Daniel em Se eu fosse você 2, Tempos de paz e agora, em Chico Xavier. Mas entre os filmes ele também está ao lado do diretor, contratado pela produtora Lereby. “Eu estou sempre ligado no que ele vai precisar, dentro ou fora do set. É engraçado mas, mesmo quando ele sai sem o celular, eu sei a hora certa de estar esperando por ele. Já é intuitivo”, conta Macarrão, que está mesmo sempre preocupado com os detalhes. Durante a filmagem de Chico Xavier, por exemplo, sempre que o almoço é servido, antes de todo mundo ele dá uma olhadinha no cardápio. “Pra ver se tem o que ‘seu’ Daniel gosta…”.
Ele guarda um momento especial do relacionamento com o chefe: “Foi na primeira vez que eu o vi. Ele chegou perto de mim e perguntou, sério: ‘é você quem vai dirigir o meu carro?`. Quando eu respondi que sim, ele avisou: ‘você sabe que isso não é um carro, é um tanque. Vou te mostrar como manejá-lo’. E sentou no banco do carona, me dando todas as dicas sobre o carro…”, conta Macarrão, que tem uma peculiaridade: conhece o caminho e o tempo de percurso para qualquer lugar. É só dizer para onde, que ele vai. E isso onde quer que o filme esteja sendo feito.
Outra história, contada por Daniel, faz lembrar o filme Conduzindo Miss Daisy, dirigido por Bruce Beresford, com Morgan Freeman interpretando o motorista de uma senhora meio “rebelde” com a falta de liberdade, vivida por Jessica Tandy. Aliás, é assim mesmo que Daniel conta: “parecemos os personagens do filme discutindo”. É que às vezes, principalmente quando está acompanhado de Olivia Byington, o diretor quer ele mesmo dirigir. E Macarrão insiste em acompanhá-los. “Não precisa”, diz Daniel. “Mas eu quero dirigir para o senhor”, rebate Macarrão. “Mas eu não quero! Eu mesmo vou dirigir”, faz a tréplica Daniel. E assim vai… até o diretor dar a palavra final: “Seu eu posso dirigir um filme, posso dirigir meu carro!”. Corta!
Por essas e outras que Daniel, quando Macarrão insiste, diz: “Menos, Morgan”, referindo-se ao ator do filme. “É claro que eu sou suspeito pra falar, mas trabalhar com ‘seu’ Daniel é ótimo. Só saio se ele não me quiser mais…”, confessa Macarrão.
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