Despedindo-se de Chico Xavier
Último dia de filmagem de Chico Xavier. Embora amanhã ainda sejam feitas algumas tomadas de detalhes, e no próximo sábado aconteça a filmagem em Uberaba, este é, oficialmente, o último encontro da equipe com o mundo do médium.
As 177 pessoas que percorreram diretamente a vida de Chico Xavier, da infância à maturidade, hoje se despedem deste personagem. Foram dois meses intensos, em que se viajou no tempo (de 1918 a 1975) e no espaço (da Pedro Leopoldo da meninice de Chico à São Paulo do Pinga-Fogo, passando por Uberaba, onde Chico firmou-se como o maior médium do país).
Hoje, esta trupe chega ao estúdio Herbert Richers em um clima diferente. Último dia também é dia de trabalho – mas as pessoas vão chegando com um misto de cansaço, alegria pelo que foi realizado e tristeza pelo encerramento. Daniel, ao entrar no set, expressa isso: “Hoje vamos rodar do jeito que der! Se a câmera falhar, vamos rodar com o celular! É hoje só… amanhã não tem mais!”.
A equipe de ‘Chico Xavier’ (e ainda faltaram alguns integrantes!..) celebra a realização do trabalho reunida em torno do diretor Daniel Filho e dos três Chicos: Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier (fotos de Ique Esteves)
Enquanto o switcher da “TV Tupi” era desmontado no estúdio A, a equipe filma no estúdio B, onde foi montada mais uma das invenções do mestre Vô Du, que recriou o interior de um avião em cima de mais uma de suas traquitanas. A ordem é: chacoalhar, remexer, tremer. E quem está em cima do praticável é Chico (Nelson Xavier), Cleide (Rosi Campos), Emmanuel (André Dias) e os “passageiros” Fábio Porchat e Ailton Graça, que volta ao estúdio e faz jus ao sobrenome, trazendo alegria e descontração a este último dia. Além de 27 figurantes.
Destes, voltam às poltronas do avião os “passageiros” Ique Esteves (still do filme), Rita Vianna (assistente de figurino), Rose Verçosa (maquiadora), Patricia Paladino (autora do blog oficial), Gil Barone (do making of) e Paulo Barcellos (responsável pelos efeitos visuais). O quinteto reassume seus “personagens” e passa o dia sacolejando na traquitana de Vô Du. A descontração com que as cenas eram rodadas contagiou todo o estúdio. Daniel divertia-se a cada “corta!”, tanto com a cena como com a interpretação de Ailton.
Para se ter uma idéia de como o chefe da maquinária cria essas suas mirabolantes invenções, Vô Du conta uma história: ele estava indo para Paulínia – onde o filme foi rodado por duas semanas –, em um vôo que fez Rio-Campinas via Curitiba. “Pois então: perto de Curitiba o avião entrou em uma forte turbulência. Enquanto todo mundo estava apavorado, alguns rezavam, eu fui lá pro fundo da aeronave pra ver como ela se comportava nessa situação. Nem senti medo. Queria era elementos pra reproduzir exatamente aquilo no estúdio…”, diz Vô Du. Sua traquitana funciona perfeitamente. E ele não conta como foi construída de jeito nenhum. É segredo profissional. Só o resultado será visto na tela, mas como foi feito – nada feito!…
A filmagem entra pela noite. Mas ninguém parece cansado. Após uma pausa para um lanche – em que toda a equipe cantou Parabéns pra você para Anita Barbosa e Tatiana Fragoso, as assistentes de direção que aniversariam no mesmo dia –, a última cena de Ailton é filmada, e Daniel agradece com muito entusiasmo sua participação.
E então, a partir daí, começam as despedidas. No meio do ensaio de uma das cenas chega o táxi que vai levar Cynthia Falabella ao aeroporto. Ela chega perto de Daniel e o abraça. Pouco depois, é a vez da última cena de André Dias, que viveu, em todas as fases do filme, o guia espiritual de Chico. O diretor o recebe com o tradicional buquê de flores, um abraço e a piada: “Volte agora ao mundo dos encarnados, André!”.
O produtor-executivo Julio Uchôa, a coordenadora de mídias digitais Olivia Byington e o diretor de produção Luiz Henrique Fonseca comemoram com o diretor de ‘Chico Xavier’
Então a última cena é rodada. E quando Daniel grita seu último “corta!”, o costumeiro aplauso da equipe ao final de cada dia de trabalho foi mais longo. “Embora a gente ainda tenha a filmagem em Uberaba, apenas uma pequena parte dessa nossa equipe seguirá pra lá. Em meu nome, e em nome de Chico, se é que eu posso me aventurar a falar em nome dele, eu queria agradecer a dedicação de todo mundo, o empenho de todos, o clima maravilhoso que tivemos durante esses dois meses. Existiram tropeços, mas se não existissem, não seria um filme. Muito obrigado, muito obrigado a todos!”, encerra o set Daniel Filho.
Daniel e sua equipe: da esquerda para a direita, Paula Horta (coordenadora de direção), Cris D’ Amato (diretora-assistente), Tatiana Fragoso (1ª assistente de direção), Natália Soutto (estagiária), Bruno Garotti (2º assistente de direção) e Anita Barbosa (2ª assistente de direção e coordenadora de elenco)
Fotos são tiradas, abraços de despedida são trocados. Até um filminho foi feito: o assistente de platô Juninho pede a Daniel que dê um pequeno depoimento para sua mãe e grava no celular. O diretor abraça Bia Salgado, a figurinista de Chico Xavier: “Obrigado, obrigado. Foi lindo o seu trabalho, fiquei muito satisfeito. Só não fiquei mais feliz porque você não aparece no filme!”, brinca, referindo-se a todas as “participações amorosas” que estarão em algum pedacinho da história. Depois, Daniel abraça os técnicos de som portugueses Carlos Alberto Lopes e seu assistente Ricardo Sequeira, que vieram especialmente integrar a trupe e retornam amanhã para Lisboa. Abraça Chicão, chefe do platô e que segurou o set durante todo o filme. Abraça Vô Du, o inventor de traquitanas – e tira uma animada foto com o “pessoal da pesada”, que fez este avião voar durante dois meses.
E, aos poucos, um a um vai entrando nas vans da produção e voltando para casa…
E com Nelson Xavier, que deu vida à fase madura de Chico: o agradecimento do diretor pelo trabalho e pela entrega ao personagem
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