terça-feira, 6 de outubro de 2009

FILME CHICO XAVIER - 12/agosto

As REDs e as RCA TK 60


Segundo dia no Grupo Espírita da Prece. E os figurantes estão de volta. Quem começa o dia é Cris D`Amato, com a marcação da cena. Nelson Xavier já está no cenário. E antes do primeiro ensaio, ele se dirige aos figurantes. “Eu quero agradecer muito a vocês pelas cenas de ontem”, diz Nelson. “Hoje vai ser um dia mais intenso e quero que a gente estabeleça uma atmosfera bonita e verdadeira.” Os figurantes ouvem como se fosse o próprio Chico Xavier falando.

Mais uma vez, a equipe participa do filme. Hoje estão em cena a estagiária de direção Natália Soutto e assistente de cabeleireiro Luana Jacob. Natália tem até personagem e tem de interpretar. “Vou pensar em meu tio, que já morreu”, diz. E dá certo. Toda concentrada, ela encarna Ludmila. “Este filme tem mais uma curiosidade: quase toda a equipe participou de alguma forma”, diverte-se Daniel.

A cena é vista por Cris do Video Assist – que continua dirigindo a cena, tendo ao seu lado Daniel. Quando ela finaliza, o “corta!” sai meio embargado. “Você tava chorando?“, pergunta o diretor de fotografia Nonato Estrela. “ Ô, gente, só fiquei emocionada”, diz a diretora-assistente. Há meia hora, era ela quem pedia aos figurantes para soltar a emoção…

O ator Nelson Xavier agradece o empenho e a concentração dos figurantes nos dois dias de filmagem (fotos de Ique Esteves)





Os imprevistos estão sempre acontecendo. Mas alguns chegam a ser quase falta de sorte… Para uma das cenas, centenas de cartas deveriam estar em cima de uma mesa. O departamento de Arte contratou uma artista gráfica para escrever os envelopes e algumas cartas. Tudo tinha de estar pronto hoje. Pois na segunda-feira, a produtora de arte Joana Heliodoro telefona para a moça e ela dá a notícia: quebrou o dedo. “O jeito foi todo mundo partir pra escrever os envelopes correndo”, conta Joana.

O departamento de Arte, aliás, hoje está em polvorosa: “Meus três filhinhos nasceram!”, avisa a coordenadora de arte Marina Lage. Os “bebês” são três câmeras RCA TK60, réplicas fiéis das originais, confeccionadas pela Cinefeitos, empresa de São Paulo. “Foram cinco pessoas trabalhando dois meses e meio para aprontar as câmeras”, conta Sérgio Flores, sócio da empresa, que usou 70 moldes diferentes para confeccionar cada uma das peças.

Ao anunciar que as câmeras estavam no Estúdio A da Herbert Richers, uma comitiva foi recepcioná-las: Daniel, Olivia Byington (que visitou o set hoje), Paulo Barcellos, Nonato Estrela, Luiz Henrique Fonseca, Júlio Uchôa, ciceroneados pelo diretor de arte Cláudio Amaral Peixoto, que exibia, orgulhoso, as máquinas. “Ficou um belo trabalho, parabéns”, diz Daniel a Sérgio Flores. O melhor: as câmeras funcionam. E vão – junto com as três REDs – filmar a cena. O contraste desta câmera moderníssima e a antiga RCA…

Daniel e o diretor de produção Luiz Henrique Fonseca encantados com a réplica da antiga câmera






Para quem não sabe o que é RED: são as câmeras digitais com as quais Chico Xavier está sendo rodado – e que têm uma resolução muito maior do que as digitais normalmente utilizadas no cinema brasileiro. Com uma excelente qualidade de imagem, as REDs ainda oferecem praticidade: poucos minutos depois de uma cena ser rodada, a imagem já pode ser manipulada e vista em um monitor. E o melhor: elas permitem muito mais recursos de manipulação da imagem na finalização.

O responsável pelos HDs com todas as cenas do dia é o gerente de imagem digital Miguel Lindenberg – que também acumula a função de logger. “Nos filmes digitais já existe o logger, que é quem descarrega o HD. Mas o meu trabalho no filme vai além disso”, explica Miguel. Além de descarregar o HD com o backup do dia, ele é o responsável por gerenciar toda imagem que é filmada e fazer o primeiro tratamento nesta imagem (ainda no set), além de organizar todo o material do dia e entregá-lo à montadora Diana Vasconcelos, na produtora Lereby. “No Brasil ainda se está descobrindo o potencial dessa câmera e as formas de trabalhar com ela. Por isso acho que a escolha de Daniel por fazer um filme da proporção de Chico Xavier em digital é, antes de tudo, um ato de coragem e a prova de que ele está sempre antenado com o que está acontecendo”, diz Miguel. O filme anterior de Daniel, Tempos de Paz, já havia sido rodado com a RED, e foi o segundo filme brasileiro a utilizar esta câmera.


Miguel Lindenberg, diante do monitor, fazendo o primeiro tratamento na imagem do filme


Depois do almoço, continuam as “preces” no estúdio. E mais participações especiais. Para provar que ninguém passa impune pelo set de Chico Xavier, a visita de Carla Britto, do departamento jurídico da Globo Filmes, e de Marceli Moreira, advogada da Downtown e da Lereby, também resultaram em participação na cena. Devidamente vestidas, maquiadas e penteadas, elas se juntam aos seguidores de Chico.

Carla Britto, da Globo Filmes, e Marceli Moreira, da Downtonw e Lereby, foram visitar o estúdio e convidadas a fazer a cena. Atrás delas, à esquerda, a cabeleireira Luana Jacob, mais uma integrante da equipe a participar



Para o próximo plano, a parede lateral de 9 metros de comprimento teve de ser retirada para a entrada da grua. Foram 11 homens fortes de um lado para amparar a estrutura e cinco do outro da parede para a função. E o diretor de Arte não se poupa de pôr a mão na massa: lá estava ele encarapitado em cima do paredão.

Enquanto no set as cenas do dia eram finalizadas, na sala da produção todos estavam ao telefone ou no computador. Uma parte deles já está com a cabeça em Uberaba, para onde a equipe parte na semana que vem, para encerrar o filme.

A outra parte da produção finaliza os preparativos para sexta-feira – amanhã é folga para a equipe –, quando se começa a rodar uma seqüência de cenas que exige uma sincronia perfeita entre todos os departamentos. O melhor – e uma das logísticas mais difíceis de Chico Xavier – ficou para o final…

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