sexta-feira, 28 de agosto de 2009

FILME CHICO XAVIER - 30/julho


A cena tem que continuar…


Um filme é como um quebra-cabeças. Formado por centenas de peças que ao final formam o quadro completo. Por ser filmada fora da ordem cronológica apresentada na tela, a história tem de ter uma unidade – e é aí que entram Gláucia Pelliccione, continuísta de Chico Xavier, e sua assistente Ana Paula Bucard.


O trabalho delas é uma função de meio, que tem como fim a edição. É pelas anotações da continuidade que nada irá se perder: desde os detalhes do figurino e do tom da maquiagem até questões como o eixo da câmera, o número da lente, o ritmo do movimento dos atores e a ligação entre os planos, cenas e seqüências e etc. “O continuísta não cria, mas tem que ficar de olho em absolutamente tudo. A intenção é diminuir os erros ao máximo”, conta Gláucia, que, na gravação de hoje, o segundo dia no set da igreja, tem muita coisa para olhar.

O set é complexo e minucioso, com muitos elementos e objetos de cena, mais nove atores do elenco principal, sete do elenco de apoio e 43 figurantes em movimento. Pouco antes de iniciar a primeira cena, a assistente Ana Paula (que está no último período de Cinema e já participou de alguns curtas) fotografa todos os detalhes do figurino do elenco e, um a um, os figurantes. Normalmente, faz uma média de 30 fotos para a continuidade. Hoje foram quase 100. Em certo momento, a continuísta encontra um anel de prata em um deles. Totalmente fora de época (a cena se passa em 1940) e de contexto. Fora com o anel do figurante.

Durante a cena, Gláucia não pára: cronometra o tempo, faz anotações na Folha de Cont – a planilha que mais tarde segue para a edição –, fotografa o que for necessário. Tudo em silêncio e com passos cuidadosos.

Gláucia levou Ana Paula Bucard para ser sua assistente no filme por conta de seu bom desempenho em um curso de continuidade


Todos os movimentos do set vão para essa planilha, e as fotos, para os departamentos de Arte, Figurino, Maquiagem e Cabelo. É um trabalho totalmente integrado e alimentado pelas anotações da continuidade.

Para estar ligada em tudo, o continuísta tem de ser calmo, conectado e detalhista. “É como a dança, requer uma coreografia, disciplina e concentração”, diz Gláucia, que foi bailarina, com formação clássica, antes de entrar para o cinema, há 10 anos.

Nesse tempo todo, ela fez muitos filmes. Mas Chico Xavier é especial. “Estou muito, muito feliz de estar nesse filme. Sou espírita, então Chico Xavier pra mim é especial. Eu sinto uma energia muito grande em cada cena e algumas, como as filmadas no hospital, são energeticamente muito fortes”, diz Gláucia, que confessa ter chorado após a primeira leitura do roteiro.

Ana e Gláucia formam uma dupla afinada. Mestre e discípula. Foi assim que se conheceram, num curso de continuidade. Gláucia acabou por chamar sua aluna mais aplicada para trabalhar com ela em "Chico Xavier".

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