Bolinhas de papel no set
O cuidado com os detalhes fazem parte da produção de Chico Xavier. Hoje, para a cena rodada na Escola Municipal Marília de Dirceu, uma das incumbências do segundo assistente de direção Bruno Garotti era descobrir a grafia correta para a época (1922) das palavras “redação” e “outubro”. A pesquisa histórica já foi feita antes de as filmagens começarem, mas na hora de gravar pintou uma dúvida. E nada pode sair errado.

Os pequenos figurantes, alunos da escola de Pedro Leopoldo
A cena, passada na escolinha de Pedro Leopoldo, teve 16 figurantes mirins – escolhidos por testes no Rio, Tiradentes, Bichinho, Barro Negro e São João Del Rey – e, como em toda sala de aula que se preza, era travada uma guerra de bolinhas de papel. Daniel Filho escolheu entre os “alunos” quem tinha a melhor mira. “Vai!”, e bolinhas voavam. “Muito bem!” e “Essa foi sorte. De novo!”
– era Daniel dirigindo a pontaria da “avalanche de bolinhas”. Ah, sim: em 1922, outubro se escrevia ouctubro e redação, redacção…

Daniel Filho, diretor, e Matheus, o menino Chico, se divertem jogando "bate-mão" no intervalo entre as cenas
No Video Assist, atrás do diretor de fotografia Nonato Estrela , o responsável pela produção dos efeitos visuais de Chico Xavier, Paulo Barcellos, da O2 Pós Produção, estava atento aos monitores. Ele e uma equipe de cerca de 10 pessoas irão acrescentar efeitos digitais ao filme. Coisas como retirar de cena elementos atuais como automóveis, postes e fiação elétrica, e, no caso de Tiradentes, construções que caracterizam a cidade, como a Igreja Matriz. Tudo para que aqui seja a Pedro Leopoldo de Chico nas décadas de 20 e 30.
Além disso, um efeito será utilizado pela primeira vez em um filme brasileiro: a maquiagem digital, usada para marcar a passagem de tempo do ator Ângelo Antônio. Como este efeito é inédito no cinema nacional, o pessoal da O2 está desenvolvendo técnicas e unindo outras que já são usadas para conseguir o efeito desejado. É como criar uma “máscara digital” do ator, que será inserida em determinados pontos do rosto, e, por programação de computador, acompanhará qualquer movimento feito por ele.

Após o almoço, deslocamento para o segundo set do dia: o prédio da Câmara Municipal de Tiradentes, onde foi montado o cenário do Centro Luiz Gonzaga, o primeiro centro espírita fundado por Chico Xavier, em 1927. Na preparação do set, o diretor de arte enquadra as gravuras de Emanuel, o guia espiritual de Chico, que estarão no cenário. As gravuras são semelhantes às reais, mas agora reproduzem o rosto do ator André Dias, e foram feitas por Carla Vilela, estagiária de Cláudio Amaral Peixoto na Arte.
O dia terminou com Daniel Filho fazendo um plano da lua cheia que nascia no céu de Tiradentes… E com a equipe se preparando para a filmagem de amanhã, que prevê um deslocamento de 1h30 até o set: uma cachoeira nos arredores da cidade, que envolverá um planejamento minucioso da maquinaria para montar câmeras, gruas…
Fora do set, nos bastidores dos bastidores, a produção está preocupada com o operador de câmera Daniel Duran. Esta noite ele teve febre e manifestou algumas pintas vermelhas pelo corpo. Levado ao médico, fez exames de sangue, que nada constataram de anormal… Vamos ver como ele se sente amanhã – um set que depende muito de sua habilidade no manejo da câmera que fica presa no topo da grua, a 15 metros do chão…
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