segunda-feira, 31 de agosto de 2009

FILME CHICO XAVIER - 06/julho

Bolinhas de papel no set



O cuidado com os detalhes fazem parte da produção de Chico Xavier. Hoje, para a cena rodada na Escola Municipal Marília de Dirceu, uma das incumbências do segundo assistente de direção Bruno Garotti era descobrir a grafia correta para a época (1922) das palavras “redação” e “outubro”. A pesquisa histórica já foi feita antes de as filmagens começarem, mas na hora de gravar pintou uma dúvida. E nada pode sair errado.


Os pequenos figurantes, alunos da escola de Pedro Leopoldo






A cena, passada na escolinha de Pedro Leopoldo, teve 16 figurantes mirins – escolhidos por testes no Rio, Tiradentes, Bichinho, Barro Negro e São João Del Rey – e, como em toda sala de aula que se preza, era travada uma guerra de bolinhas de papel. Daniel Filho escolheu entre os “alunos” quem tinha a melhor mira. “Vai!”, e bolinhas voavam. “Muito bem!” e “Essa foi sorte. De novo!” – era Daniel dirigindo a pontaria da “avalanche de bolinhas”. Ah, sim: em 1922, outubro se escrevia ouctubro e redação, redacção…






Daniel Filho, diretor, e Matheus, o menino Chico, se divertem jogando "bate-mão" no intervalo entre as cenas




No Video Assist, atrás do diretor de fotografia Nonato Estrela , o responsável pela produção dos efeitos visuais de Chico Xavier, Paulo Barcellos, da O2 Pós Produção, estava atento aos monitores. Ele e uma equipe de cerca de 10 pessoas irão acrescentar efeitos digitais ao filme. Coisas como retirar de cena elementos atuais como automóveis, postes e fiação elétrica, e, no caso de Tiradentes, construções que caracterizam a cidade, como a Igreja Matriz. Tudo para que aqui seja a Pedro Leopoldo de Chico nas décadas de 20 e 30.

Além disso, um efeito será utilizado pela primeira vez em um filme brasileiro: a maquiagem digital, usada para marcar a passagem de tempo do ator Ângelo Antônio. Como este efeito é inédito no cinema nacional, o pessoal da O2 está desenvolvendo técnicas e unindo outras que já são usadas para conseguir o efeito desejado. É como criar uma “máscara digital” do ator, que será inserida em determinados pontos do rosto, e, por programação de computador, acompanhará qualquer movimento feito por ele.

Paulo Barcellos, da O2 Pós Produção, responsável pelos efeitos visuais do filme








Após o almoço, deslocamento para o segundo set do dia: o prédio da Câmara Municipal de Tiradentes, onde foi montado o cenário do Centro Luiz Gonzaga, o primeiro centro espírita fundado por Chico Xavier, em 1927. Na preparação do set, o diretor de arte enquadra as gravuras de Emanuel, o guia espiritual de Chico, que estarão no cenário. As gravuras são semelhantes às reais, mas agora reproduzem o rosto do ator André Dias, e foram feitas por Carla Vilela, estagiária de Cláudio Amaral Peixoto na Arte.

O dia terminou com Daniel Filho fazendo um plano da lua cheia que nascia no céu de Tiradentes… E com a equipe se preparando para a filmagem de amanhã, que prevê um deslocamento de 1h30 até o set: uma cachoeira nos arredores da cidade, que envolverá um planejamento minucioso da maquinaria para montar câmeras, gruas…

Fora do set, nos bastidores dos bastidores, a produção está preocupada com o operador de câmera Daniel Duran. Esta noite ele teve febre e manifestou algumas pintas vermelhas pelo corpo. Levado ao médico, fez exames de sangue, que nada constataram de anormal… Vamos ver como ele se sente amanhã – um set que depende muito de sua habilidade no manejo da câmera que fica presa no topo da grua, a 15 metros do chão…

sábado, 29 de agosto de 2009

FILME CHICO XAVIER - 05/julho

Parece… mas não é!


Há dois dias, o terreno atrás da igreja de São Francisco de Assis, no alto de uma colina de Tiradentes, era um gramado verde de onde se via parte da cidade. Hoje, abriga o cemitério que será usado na cena. Turistas se espantam com o realismo das lápides.


O cemitério construído pela direção de arte de Chico Xavier: tão real que assustou até um segurança


O cimento das sepulturas é, na verdade, um fino
compensado envelhecido pelas mãos do departamento de Arte . E não é uma coisa para ser vista apenas na tela. Ao vivo, a 5 cm de distância, não dá mesmo para notar que é falso. A equipe do diretor de arte Cláudio Amaral Peixoto começou a montar o set há dois dias. E apavorou muita gente: o segurança que guardou o cenário na base da produção, localizada próximo ao cemitério (real) da cidade, se impressionou tanto que jurou que viu, uma noite, um espírito sair de uma tumba. Pediu demissão.

“Um casal veio aqui há quatro dias e ficou vendo a cidade do gramado atrás da igreja. Voltou ontem e no lugar tinha o cemitério. A mulher ficou branca”, contou, rindo, Luciano, o motorista da van que desloca parte da produção em Tiradentes.

O contra-regra Farinha e seu assistente Rui Junior com uma das lápides cenográficas



Este é o cenário da primeira cena gravada na manhã fria de Tiradentes. Enquanto Ângelo Antônio se concentra fazendo tai-chi-chuan em um canto do set, uma grua de 15 metros, operada por seis homens e que realiza 10 movimentos diferentes e simultâneos, é a vedete da tomada. Operá-la não é tarefa fácil. “É igual a um balé, todo mundo tem que fazer tudo juntinho senão desanda”, diz o ‘coreógrafo’ Vô Du, um dos responsáveis pelo movimento preciso deste guindaste cênico. Cinco cenas foram realizadas, com movimentos diferentes.

Mas o dia tem outra presença de peso: a atriz Letícia Sabatella chegou do Rio esta manhã direto para o set. Enquanto é maquiada e penteada para viver Maria, mãe de Chico criança, bate o texto que será gravado dali a pouco com Matheus Costa. Entre uma frase e outra, os dois caem na risada. “A Letícia é muito `da paz`”, conta Matheus, mostrando intimidade com a nova mãe. Ele já fez amigos no hotel em Tiradentes e nadou na piscina aquecida. Nesta terça-feira volta para o Rio para fazer prova de Matemática. “Depois, férias! Só Chico Xavier!”, vibra o `Chiquinho`.

Letícia Sabatella fez sucesso com as crianças da cidade e foi atenciosa e sorridente com todos

Mas não foi só o Matheus quem comprovou que Letícia é `da paz`. Depois de terminar sua primeira cena, indo para o almoço, ela foi cercada por crianças pedindo autógrafos e moradores da cidade querendo tirar fotos. Atendeu a todos, com um sorriso e muita atenção.

A cena de Letícia e Matheus aconteceu sob uma árvore frondosa, diante de um pé de azaléias e buganviles (também cênicos). Um céu esplendoroso serviu de moldura. Como este blog só conta o que ninguém verá na tela, só podemos dizer que é uma cena linda, delicada e comovente…

Como o dia era só de externas, a filmagem dependia do clima – uma cena que começa com o tempo nublado tem de parar se o sol sai das nuvens – e da rotina da cidade: a final de um campeonato de futebol local produziu um som de torcida ao longe que não estava previsto. Pausa para a partida terminar. Ainda bem que a peleja já estava no fim…

No fim da tarde, a equipe travou uma luta contra o tempo: enquanto uma cena era finalizada no set do cemitério, uma outra frente dirigia-se para o Beco das Almas, onde seria gravada a última cena do dia. O equipamento de som, os acessórios das câmeras e parte da equipe deveria se deslocar em um período curtíssimo, para não perder a luz do dia. Foi um corre-corre danado. Mas às 16h30, ainda com um belo sol da tarde, tudo deu certo.

Quer dizer, quase tudo… o produtor executivo Julio Uchôa e outros integrantes da equipe de produção ainda estão com o problema da substituição de Michel Bercovich para o papel do jornalista David Nasser. Muitos atores já foram contactados, mas há indisponibilidade de agenda por conta do prazo apertado, já que a primeira cena de Nasser acontece daqui a três dias!!!

FILME CHICO XAVIER - 04/julho

Pé na estrada



Parque dos Patins, Lagoa, Rio de Janeiro, 8h30. Ponto de encontro para a saída do ônibus fretado que levará parte da equipe para a primeira etapa da viagem: Tiradentes.

Nas despedidas, maridos, esposas, namoradas e filhos. Um mês de ausência, um mês fora do “mundo real”, um mês vivendo a vida de Chico. Malas e malas embarcam no bagageiro, levando junto uma grande expectativa.


Início da viagem: expectativa da equipe para chegar à Minas Gerais de Chico Xavier



Quando o ônibus parte, no balancinho da estrada, muitos já estão dormindo, outros lendo ou ouvindo seu i-pod. Mas todo mundo aproveita para relaxar nas cinco horas de viagem. Amanhã já temos a primeira cena em Tiradentes – portanto, todo mundo recarregando as baterias para uma nova etapa.

Mas esta é apenas uma parte da trupe. Há mais, muito mais. Nesta madrugada partiram os oito caminhões com a parafernália mais pesada: caminhão da elétrica, da maquinaria, do gerador, da câmera, da produção e do figurino – além de dois outros para a produção e com o figurino da figuração. E tem mais: o resto da equipe dividiu-se em mais outras vans – que partiram ontem – , carros de passeio alugados e avião. Uma estrutura enorme se deslocando pela estrada afora.

Se a maior parte da equipe partiu entre ontem e hoje, desde 8 de junho já há movimento em Tiradentes. Fernanda Chasim e Flávia Santos, respectivamente assistente de produção (em Tiradentes) e produtora de locação, vieram antes montar a base para a chegada da equipe. Os cenotécnicos – 15 ao todo, mais a cenógrafa Karen Araújo e o cenotécnico Celso – também chegaram com antecedência para reformar, construir e transformar as locações de Tiradentes na Pedro Leopoldo natal de Chico Xavier.

Mas nem tudo foi tranqüilo na viagem. Em determinado momento, chegou a informação para a produção que o ator Michel Bercovich, que iria fazer o jornalista David Nasser – um papel importante na trama do filme – estará impossibilitado de filmar. Por motivos pessoais, ele teria que permanecer no Rio por muito tempo. A corrida para encontrar outro ator começou antes mesmo de a equipe chegar.

Após uma parada em Juiz de Fora – pausa para cafezinho e o primeiro pão de queijo mineiro – mais duas horas até a chegada. Agora ninguém mais dorme. A ansiedade por chegar e descobrir a cidade é grande. No DVD do ônibus, Robert Downey Jr. se transforma em Iron Man. Mas que homem de ferro, que nada. Todo mundo só pensa em Chico Xavier.

Na chegada à pousada, o check in aponta os quartos de cada um. Mas o descanso dura pouco. A maioria parte para o Centro da cidade histórica, para a entrar no mundo mágico que continua amanhã!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

VIAGEM: 28/agosto...

Pessoal,

estarei viajando para Santa Maria hoje, e retornarei apenas no domingo.
Farei o possível para atualizar o blog neste fim-de-semana, porém, não tenho certeza se o conseguirei.

De qualquer maneira, todos já sabem, se caso não conseguir, na segunda-feira estarei incluindo mais informações sobre as filmagens de "Chico Xavier".

Um final de semana abençoado a todos.

Vai aí uma mensagem (e é claro, seria de Chico, não é?):

Simeão e o Menino

Dizem que Simeão, o velho Simeão, homem justo e temente a Deus, mencionado no Evangelho de Lucas, após saudar Jesus criança, no templo de Jerusalém, conservou-o nos braços acolhedores de velho, a distância de José e Maria, e dirigiu-lhe a palavra, com discreta emoção:

- Celeste Menino – perguntou o patriarca -, porque preferiste a palha humilde da Manjedoura? Já que vens representar os interesses do Eterno Senhor da Terra, como não vestiste a púrpura imperial? Como não nasceste ao lado de Augusto, o divino, para defender o flagelado povo de Israel? Longe dos senhores romanos, como advogarás a causa dos humildes e dos justos? Porque não vieste ao pé daqueles que vestem a toga dos magistrados? Então poderias ombrear com os patrícios ilustres, movimentar-te-ias entre legionários e tribunos, gladiadores e pretorianos, atendendo-nos à libertação... Porque não chegaste como Moisés, valendo-se do prestígio da casa do faraó? Quem te preparará, Embaixador Eterno, para o ministério santo? Que será de ti, sem lugar no Sinédrio? Samuel mobilizou a força contra os filisteus, preservando-nos a superioridade; Saul guerreou até a morte, por manter-nos a dominação; David estimava o fausto do poder; Salomão, prestigiado por casamento de significação política, viveu para administrar os bens enormes que lhe cabiam no mundo...Mas... tu? Não te ligaste aos príncipes, nem aos juízes, nem aos sacerdotes... Não encontrarias outro lugar, além do estábulo singelo?!...

Jesus menino escutou-o, mostrou-lhe sublime sorriso, mas o ancião, tomado de angústia, contemplou-o, mais detidamente, e continuou: - Onde representarás os interesses do Supremo Senhor? Sentar-te-ás entre os poderosos? Escreverás novos livros da sabedoria? Improvisarás discursos que obscureçam os grandes oradores de Atenas e Roma? Amontoarás dinheiro suficiente para redimir os que sofrem? Erguerás novo templo de pedra, onde o rico e o pobre aprendam a ser filhos de Deus? Ordenarás a execução da lei, decretando medidas que obriguem a transformação imediata de Israel?

Depois de longo intervalo, indagou em lágrimas:
- Dize-me, ó Divina Criança, onde representarás os interesses de nosso Supremo Pai?

O menino tenro ergueu, então, a pequenina destra e bateu, muitas vezes naquele peito envelhecido que se inclinava já para o sepulcro...

Nesse instante, aproximou-se Maria e o recolheu nos braços maternos. Somente após a morte do corpo, Simeão veio a saber que o Menino Celeste não o deixara sem resposta.

O Infante Sublime, no gesto silencioso, quisera dizer que não vinha representar os interesses do Céu nas organizações respeitáveis mas efêmeras da Terra. Vinha da Casa do Pai justamente para representá-Lo no coração dos homens.

Autor:
Chico Xavier (médium)
Irmão X (espírito)

FILME CHICO XAVIER - 03/julho

Piano e Ford bigode



Da igreja para o bordel. Quinto dia de filmagem de Chico Xavier, saem as beatas e entram as “meninas de vida fácil”. Uma casa antiga e desabitada no Alto da Boa Vista se transforma em um bordel do início do século 20.

Chegando ao fim da primeira semana, já se percebe que a energia da abertura do set, no domingo, influenciou positivamente todo mundo. Todos estão se familiarizando com o universo de Chico Xavier. E alguns já estão neste outro mundo há muito tempo. Ângelo Antônio, por exemplo, tem andado permanentemente com dois talismãs: um lenço (com o F. Xavier bordado e que está sempre junto dele) e o perfume de Chico – que ele coloca antes de entrar em cena e deixa um rastro adocicado por onde o ator passa. Os dois foram presentes do filho adotivo de Chico, Eurípedes.


Ângelo Antônio segura o lenço de Chico Xavier, que ganhou de presente de Eurípedes, filho adotivo do médium (Fotos Ique Esteves)






Num filme que conta a vida de um personagem que prega a bondade e a compaixão, todos na equipe estão com um ótimo astral. Dos motoristas que pegam o pessoal em casa – num horário bem gostoso, por volta de 5h, 6h da manhã… – ao diretor Daniel Filho. Apesar da firmeza necessária para comandar uma equipe tão grande, Daniel teve momentos impagáveis nestes primeiros dias de filmagem. Hoje, ao chegar ao set, e visitar a sala do bordel, viu o piano e logo sentou-se para tocar. Mas desistiu. “Tá desafinado”, lastimou. Depois soltou a voz com Conceição para Ângelo e Luís Mello, que viverá João Cândido, pai de Chico.

Depois do pianista Daniel Filho, quem entra em cena é Manta, o chefe do transporte, que ataca de figurante. Ele será o pianista do bordel – e ficou mesmo com pinta de músico de jazz dos anos 20. Seu sorrisão branco denuncia que ele está adorando. “Hoje, carro só quando eu acabar de filmar…”, brinca, dando uma risada.
O chefe do transporte e dublê de pianista Manta


Enquanto a filmagem acontece dentro de casa, do lado de fora as atrações são um Ford bigode, dois cavalos e uma charrete que serão usados em uma das cenas. Esta última será guiada por Luís Mello que, como condutor de charrete, demonstrou ser um excelente ator… A curva não foi perfeita, mas a cena valeu.

As cenas se desenrolam, e o pessoal do platô organiza os últimos detalhes para a primeira etapa da viagem do filme – que acontece no sábado. Panos de chão, caixas de lenços, remédios (para dor de cabeça, cólica, antigripal, vitamina C), pilhas, cotonetes… tudo em muuuita quantidade. Listinha básica para os primeiros socorros da equipe na estrada.

Amanhã, folga. Todo mundo arrumando a mala. Chico Xavier chega a Tiradentes no sábado.

FILME CHICO XAVIER - 30/julho


A cena tem que continuar…


Um filme é como um quebra-cabeças. Formado por centenas de peças que ao final formam o quadro completo. Por ser filmada fora da ordem cronológica apresentada na tela, a história tem de ter uma unidade – e é aí que entram Gláucia Pelliccione, continuísta de Chico Xavier, e sua assistente Ana Paula Bucard.


O trabalho delas é uma função de meio, que tem como fim a edição. É pelas anotações da continuidade que nada irá se perder: desde os detalhes do figurino e do tom da maquiagem até questões como o eixo da câmera, o número da lente, o ritmo do movimento dos atores e a ligação entre os planos, cenas e seqüências e etc. “O continuísta não cria, mas tem que ficar de olho em absolutamente tudo. A intenção é diminuir os erros ao máximo”, conta Gláucia, que, na gravação de hoje, o segundo dia no set da igreja, tem muita coisa para olhar.

O set é complexo e minucioso, com muitos elementos e objetos de cena, mais nove atores do elenco principal, sete do elenco de apoio e 43 figurantes em movimento. Pouco antes de iniciar a primeira cena, a assistente Ana Paula (que está no último período de Cinema e já participou de alguns curtas) fotografa todos os detalhes do figurino do elenco e, um a um, os figurantes. Normalmente, faz uma média de 30 fotos para a continuidade. Hoje foram quase 100. Em certo momento, a continuísta encontra um anel de prata em um deles. Totalmente fora de época (a cena se passa em 1940) e de contexto. Fora com o anel do figurante.

Durante a cena, Gláucia não pára: cronometra o tempo, faz anotações na Folha de Cont – a planilha que mais tarde segue para a edição –, fotografa o que for necessário. Tudo em silêncio e com passos cuidadosos.

Gláucia levou Ana Paula Bucard para ser sua assistente no filme por conta de seu bom desempenho em um curso de continuidade


Todos os movimentos do set vão para essa planilha, e as fotos, para os departamentos de Arte, Figurino, Maquiagem e Cabelo. É um trabalho totalmente integrado e alimentado pelas anotações da continuidade.

Para estar ligada em tudo, o continuísta tem de ser calmo, conectado e detalhista. “É como a dança, requer uma coreografia, disciplina e concentração”, diz Gláucia, que foi bailarina, com formação clássica, antes de entrar para o cinema, há 10 anos.

Nesse tempo todo, ela fez muitos filmes. Mas Chico Xavier é especial. “Estou muito, muito feliz de estar nesse filme. Sou espírita, então Chico Xavier pra mim é especial. Eu sinto uma energia muito grande em cada cena e algumas, como as filmadas no hospital, são energeticamente muito fortes”, diz Gláucia, que confessa ter chorado após a primeira leitura do roteiro.

Ana e Gláucia formam uma dupla afinada. Mestre e discípula. Foi assim que se conheceram, num curso de continuidade. Gláucia acabou por chamar sua aluna mais aplicada para trabalhar com ela em "Chico Xavier".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

FILME CHICO XAVIER - 30/junho

Silêncio…

Se alguém perguntar por Fernando Pestana, da equipe de filmagem de Chico Xavier, muita gente (até da equipe) vai dizer que não conhece. Mas é só alguém ter algo a resolver que ele aparece. Basta dizer a palavra mágica: Chicão. Sua função é antever os problemas que podem surgir no set e evitar que eles aconteçam. E, caso aconteçam, resolver bem rápido.

Diretor de platô, Chicão é o elo de ligação entre o diretor e todo o resto do time. Com 25 anos de experiência em mais de 30 filmes, é ele quem deve fazer tudo funcionar, manter a ordem no set e antecipar o que o diretor irá precisar no momento da cena. Para a filmagem de hoje, que acontece em uma igreja no Rio, um dos problemas a resolver é coordenar Chico Xavier e Cláudio Manoel & cia. Como? É que, distante apenas 100 metros do set, a equipe do programa Casseta e Planeta fará uma gravação com um trio elétrico. A solução foi coordenar a filmagem com a gravação do programa. Embora elas sejam simultâneas, Chicão ficará em contato com o outro produtor, garantindo o silêncio nos momentos precisos.

Cynthia Falabella ensaia com Matheus Costa, que viverá Chico Xavier dos 8 aos 12 anos

Hoje Matheus Costa (o Chico Xavier criança) filma sua primeira cena. Aos 11 anos, Matheus foi escolhido por teste entre 300 meninos. Com a preparadora de elenco Cynthia Falabella, ele vem se preparando para o papel e aperfeiçoando o sotaque mineiro. Enquanto ele ensaia com Pedro Paulo Rangel (Padre Scarzelo), Cynthia (que também interpretará a professora Rosária no filme)tem o olhar fixo no menino, balbuciando, silenciosamente, todo o texto.

É a primeira vez que a atriz trabalha neste setor de um set de filmagem. Além de interpretar, ela já foi assistente de direção e produtora de elenco – sempre teve facilidade (e gosto) pelo contato com direção de ator. Por conta de seu último trabalho foi chamada para integrar a equipe de Chico Xavier.

O set de Chico Xavier recebeu duas visitas no fim da tarde: do diretor Bruno Barreto, que soube que Daniel estava filmando aqui, e do diretor geral da Globo Filmes, Carlos Eduardo Rodrigues, o Cadu – que ficaram para ver uma das cenas.

Enquanto as cenas se desenrolam, pode-se ouvir um mosquito voando. Aliás, nem mosquito. “Silêncio, por favor!”, “Por favor, gente, vamos fazer silêncio!” são os temas de ordem, principalmente por parte de Chicão e seus assistentes. Aliás, não foi ouvido nenhum trio elétrico durante a filmagem. “A gravação do Casseta e Planeta acabou antes de começarmos”, explica Chicão. Como sempre faz, ele resolveu um problema – antes mesmo de ele acontecer…

O set sendo montado na igreja


Há exatos sete anos, em 30 de junho de 2002, Chico Xavier se despedia deste mundo...

MAIS INFORMAÇÕES...

Pessoal,
consegui mais informações sobre o filme:

Elenco:
- Matheus Costa (Chico de 8 aos 12 anos)
- Ângelo Antônio (Chico de 20 aos 50 anos)
- Nélson Xavier (Chico de 60 aos 80 anos)
- Letícia Sabatella (mãe do Chico)
- Giovanna Antonelli (madrinha do Chico)
- Giulia Gam (madrasta do Chico)
- Pedro Paulo Rangel (Padre Scarzelo)
- Carlos Vereza (Padre Julio Maria)
- Oswaldo Mil (José)
- André Dias (Emmanuel)
- Larissa Vereza (Lucia)
- Luis Mello (JoãoCândido, pai do Chico)
- Paulo Goulart (Samuel)
- Cynthia Falabella
- Gláucia Rodrigues (Letícia Pinga Fogo)
- Thelmo Fernandes (Menezes de Assis Pinga Fogo)
- Anselmo Vasconcellos
- Carla Daniel
- Christiane Torloni (Glória)
- Rose Campos
- Tony Ramos (Orlando)
- Cadu Favero (Rafael)
- Cássio Gabus Mendes (Lind/Penha)
- Cássia Kiss
- Guilherme Fontes (Mathis/Cevert)
- Fernando Eiras (Prefeito de Uberaba)
- Via Negromonte (Dora)
- Adelaide (Lea)

FILME CHICO XAVIER - 29/junho

De Pedro Leopoldo a Uberaba



A caravana se movimenta. Do Centro do Rio de Janeiro para Cascadura. São quatro cenas, mais figurantes a serem vestidos, atores chegando de outros estados para serem transportados para o set. Hoje, a equipe de cenografia e direção de arte teve trabalho: uma das salas do hospital virou o escritório da Fazenda Modelo, onde Chico Xavier trabalhou na década de 40. Outra, o consultório do oftalmologista com quem Chico faz um exame. Em outros dois sets, foram reproduzidos dois ambientes do Hospital do Fogo Selvagem.

Como no cinema tudo é possível, hoje Uberaba e Pedro Leopoldo estão a poucos passos de distância: divididos por um andar do Hospital N. S. das Dores, da Santa Casa de Misericórdia. Mas se na tela o cinema é faz-de-conta, no set é tudo muito real. A corrida é contra o tempo e tudo deve funcionar como um relógio, literalmente. Há horário determinado para se encerrar a gravação do dia e tudo deve se encaixar: a produção deve buscar as atrizes Rosi Campos (que faz Cleide, parceira de Chico) e Teca Pereira (a enfermeira do hospital) no aeroporto e levá-las para Cascadura enquanto no set a cena da qual vão participar é montada.




Rosi Campos, que vive Cleide, a parceira de Chico, e André Dias, que interpreta Emmanuel, na sala de maquiagem






A figuração, se ontem já era grande, hoje tem o dobro de pessoas: são 47 entre mulheres, homens, idosos e crianças, que serão transformados em jornalistas, autoridades, convidados de uma cerimônia da qual Chico participará e doentes do hospital. Apesar do tempo curto e do número de provas de roupa e maquiagem, estão todos prontos muito antes de suas cenas. E vão almoçar – alguns, de terno e gravata; outros, de camisolão de paciente…


Hoje é o primeiro dia de filmagem do ator André Dias, que vai interpretar Emmanuel, o guia espiritual de Chico. Na sala de maquiagem e cabelo, a expectativa também é grande. A maquiadora Rose Verçosa, que criou o visual etéreo de Emmanuel, prepara o ator para a cena. “Emmanuel é um ser especial. Tem um tom mais claro, tem contorno, sombras e luzes no olhar”, explica Rose, que, durante o mês que antecedeu o início das filmagens, estava sempre trocando idéias com a figurinista Bia Salgado para a composição do visual dos personagens de Chico Xavier.


Rose e seu o assistente, Ancelmo Saffi, vivem um “casamento profissional” de 15 anos. Rose tem 20 anos de profissão – desde sempre no teatro e há 10 anos no cinema. Chico Xavier é o quinto longa de Ancelmo. No set, ele chega de forma delicada ao rosto dos pequenos figurantes, para fazer deles pacientes sofrendo de Fogo Selvagem, uma enfermidade que marca e avermelha a pele.


O dia começou em Uberaba e acabou em Uberaba – na enfermaria do Hospital do Fogo Selvagem, onde estão os “pacientes” transformados pela maquiagem de Ancelmo. Ali, Nelson Xavier usa o famoso par de óculos escuros do médium. Em uma cena improvisada, ele visita a ala infantil, conversando e abençoando os pequenos. A semelhança entre ator e personagem surpreende a mãe de um dos meninos “abençoados” por Nelson. “Senti que quem abençoava meu filho era Chico Xavier”, disse ela. Talvez tenha sido.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

FILME CHICO XAVIER - 28/junho

Um dia muito especial

Cinco horas da manhã. A equipe de platô (time que coordena todo o set durante a filmagem) já está no prédio do antigo Palácio da Justiça, e que em breve abrigará o novo Museu da Justiça, no Centro do Rio. Mas que hoje funcionará como o primeiro set de Chico Xavier. Juninho Gugliano, 27 anos e oito longas em uma carreira de apenas seis anos, faz parte deste time, capitaneado por Chicão. Eles são sempre os primeiros a chegar – e os últimos a sair.

Às 7h, os figurantes começam a chegar e vão direto para o figurino. Depois, é a vez de passarem pela mão de Cláudia Cruz, cabeleireira e maquiadora que fará, em duas horas, 15 penteados diferentes, à moda da década de 70. “Como são muitas pessoas e não há uma ‘história’ marcada para cada um, fazemos o cabelo e a maquiagem pelo figurino”, conta Cláudia.

Trinta e nove figurantes compõem o corpo de jurados e parte da platéia da cena de hoje


Às 10h, horário marcado para a abertura do set, está tudo pronto. A expectativa é grande. O diretor Daniel Filho reúne toda a equipe – hoje por volta de 100 pessoas – e celebra o começo da viagem pela trajetória de Chico Xavier. Todos estão reunidos em um círculo, de mãos dadas. Agora, todo o movimento cessa. Daniel pede um minuto de reflexão: que todos pensem positivamente sobre o trabalho que irão realizar. Ele se junta à roda e (por um tempo não contado pelo relógio, mas pela emoção) todo o set fica em profundo silêncio. Alguns fecham os olhos, como se rezassem. Todos têm a expressão de alguém que sabe estar iniciando um filme muito especial. Como disse Daniel, na linda abertura do set: o que todos irão fazer a partir de hoje deve ser realizado tendo em mente carinho, compaixão, respeito e, principalmente, alegria.


Célia Diniz fala sobre Chico Xavier para a equipe, ouvida atentamente pelos atores Cássia Kiss e Nildo Parente e, à direita do ator, pelo diretor de fotografia Nonato Estrela, pelo produtor executivo Julio Uchôa, pelo diretor de produção Luiz Henrique Fonseca e pela diretora assistente Cris D’Amato


Então ele dá lugar a Célia Diniz, vice-presidente do Centro Espírita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo, que conheceu Chico Xavier desde sempre. Seu pai trabalhou com Chico e ela, desde bebê, como contou à equipe que ouvia atentamente, recebeu o “abraço carinhoso e confortador” do médium. Eles estiveram juntos por toda a vida – e hoje ela dirige o primeiro centro espírita fundado por Chico, em 1927. Célia veio ao Rio especialmente para este dia de abertura das filmagens e encerra a roda dizendo uma frase bem típica de Chico Xavier: que todos façam brilhar sua luz.

A celebração termina com Daniel Filho entregando, a cada membro do time, uma rosa branca. Olha dentro dos olhos, dá boas-vindas aos novos integrantes de sua equipe e agradece aos que já fazem parte desde o início.

Mais tarde, vendo a filmagem e todo o aparato que a envolve, Célia sorri e diz que tem certeza de que Chico está honrado, mas um pouco constrangido por esta homenagem. Mas que certamente está feliz.

E então, é hora de trabalhar. Todos tomam seus lugares. A movimentação no entorno do set vai acalmando. O barulho, diminuindo – Juninho, o membro do platô, encarrega-se de ficar na porta, pedindo silêncio e coordenando a entrada. A concentração aumenta e após alguns ensaios a primeira cena de Chico Xavier é filmada. O clima é muito agradável. Não há nenhuma tensão até que… uma das câmeras pifa. Um susto – mas que foi resolvido tranqüilamente e sem nenhuma conseqüência para o andamento do trabalho. Pelos monitores, estão enquadrados o juiz, o promotor e um pai (Tony Ramos) que se vê diante do assassino de seu filho. A cena é esta. Mais, não dá para contar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

FILME CHICO XAVIER - 27/junho


A VÉSPERA


“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.” Chico Xavier

(Frase que consta em todas as camisetas da equipe de filmagem)



Falta um dia para a primeira cena ser rodada. E, é claro, o clima fervilha. Durante dois meses, o QG do filme foi uma bela casa no alto da Gávea, rodeada por árvores e por um clima bucólico. Mas a calmaria é só aparente.

Em cada cômodo transformado em sala de figurino, sala de produção, sala de maquiagem e por aí vai, o movimento sempre foi intenso. Zilhões de celulares e notebooks conectados a zilhões de pessoas e assuntos ao mesmo tempo. São muitas, muitas coisas a serem resolvidas até amanhã. E isso envolve toda a equipe, seus celulares, notebooks, reuniões, reuniões, reuniões…

Nos corredores, há sempre um apressado. Ninguém consegue parar: os caminhões e vans estão transportando o material necessário para o primeiro set; o ator André Dias chega para a última prova de roupa de Emmanuel, o guia espiritual de Chico Xavier e, pouco mais de 30 minutos antes, a costureira Ilma estava na sala de figurino com a camisa que não atingiu o tom certo de tingimento. Mas o bege exato estava lá, antes mesmo de André chegar… Primeira mágica.

Na base da produção, um dos painéis com fotos de Chico Xavier. Este mostra Chico de 1931 a 1959, período em que será vivido pelo ator Ângelo Antônio


O camareiro Egas Ramos divide em araras as trocas de roupas já aprovadas. A assistente de figurino Pilar Salgado precisa urgentemente de um anel para o advogado. A estagiária de figurino Rita Vianna prepara o mapa de todas as trocas de roupas. Só para os três Chicos (criança, vivido por Matheus Costa; adulto, por Ângelo Antônio; e mais velho, por Nelson Xavier) serão 60 trocas.
Mais tarde é hora da prova de roupa das “meninas do bordel” – as prostitutas com quem Chico Xavier jovem deveria perder a virgindade – para a aprovação do diretor. Mais correria entre a sala de maquiagem e cabelo e a de figurino. Em pouco tempo, estão todas prontas e os figurinos aprovados – com exceção do pedido de uma “calçola” para uma delas (que surgiu imediatamente e foi imediatamente aprovada).

Enfim, este é só um pequeno exemplo de um dia que se repetiu ao longo dos meses em que o QG de Chico foi a base para levantar esta produção. E foi só um “esquenta”: porque é a partir de amanhã que a coisa começa a pegar fogo.









As perucas das prostituas do bordel

FILME CHICO XAVIER - O Início...

Pessoal,
vamos embarcar em uma viagem maravilhosa.
Serão oito semanas de filmagens que estarei resumindo neste espaço.
Apesar de as filmagens já terem se encerrado, poderemos aqui ir descobrindo dia-a-dia como foi.
Tenho certeza que o Chico estava presente juntamente a esta equipe,pois sua presença ímpar, todo amor, não poderia deixar de levar um beijo a estes amigos que desejam lhe homenagear.
Até porquê como tudo aquilo que se relaciona ao Chico, esse filme trará repercussão em todo o movimento espírita a exemplo do filme "Bezerra de Menezes".

Espero a todos!
Muita paz!!!