quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Resumo Histórico do Espiritismo

Amigos,

apresento breve relato a respeito dos fatos históricos que antecederam e serviram de base para o Espiritismo:

Do Magnetismo Animal ao Hipnotismo


Mesmer foi um médico austríaco que, em 1779, publicou uma memória defendendo a existência de um " fluido universal", o qual poderia ser utilizado na cura de doenças. Experimentou tratamentos com imãs (magnetos), mas concluiu que o próprio corpo humano emanava forças mais poderosas que as do imã, as quais denominou então de " magnetismo animal". Teve como seguidor o marquês de Puységur que, ao experimentar magnetizar camponeses, descobriu o sonambulismo experimental, em que os pacientes sob transe induzido apresentavam telepatia, visão com as pontas dos dedos, clarividência e outros fenômenos. Puységur, por sua vez, fez numerosos discípulos. Embora durante certo tempo rejeitada pelas academias científicas, no início do século XIX a doutrina do "magnetismo animal" estava muito difundida na Europa, sendo natural que o fenômeno das mesas girantes, surgido em torno de 1850, nos EUA, e logo repetido no continente europeu, fosse classificado como uma nova propriedade do magnetismo animal.
Os pacientes submetidos aos " passes magnéticos" às vezes entravam em estados de sono de profundidade variável, chamados de " sono magnético" ou " estados magnéticos". Foi um dos discípulos do marquês de Puiségur, o Abade Faria (José Custódio de Faria), que assentou as bases da interpretação científica do magnetismo, tendo sido ainda um dos primeiros a experimentar o uso de sugestões verbais na manipulação magnética dos pacientes.
Coube ao cirurgião inglês James Braid, no ano 1841, após estudar os fenômenos do magnetismo, dar- lhes uma conceituação científica e fisiológica, criando o Hipnotismo e sua terminologia, que é a mesma utilizada atualmente. Segundo a nova teoria, tudo devia-se à imaginação do paciente agindo sobre seu sistema nervoso ( hipótese animista), rejeitando-se então a hipótese dos fluidos ( hipótese fluidista).
Estava assim criada a divisão entre fluidistas e animistas, que perdura até nossos dias.
Dessa época em diante a interpretação fisiológica do hipnotismo predominou, embora dentre os fenômenos atribuídos ao magnetismo animal ou ao hipnotismo estejam alguns que mais tarde foram reconhecidos como fenômenos paranormais, como, por exemplo, a telepatia, para o qual não há explicação nem fisiológica nem física.
Durand de Gros foi o primeiro a perceber a diferença entre o mesmerismo, o hipnotismo e a sugestão.


Do Magnetismo Animal ao Espiritismo


As experiências com magnetismo animal e hipnotismo levavam os pesquisadores a depararem-se freqüentemente com fenômenos que extrapolavam os domínios dessas disciplinas ( telepatia, visão com as pontas dos dedos, clarividência e outros), os quais suscitavam, dentre outras, a hipótese do espírito como explicação. Entre outros casos bem documentados que extrapolam as explicações do magnetismo animal e do hipnotismo, é citado o Episódio de Hydesville, o qual colocou a hipótese do espírito em pauta definitivamente.
Chamou-se de Período Espirítico esse período vai do Episódio de Hydesville (1848) até as primeiras pesquisas de Sir William Crookes (1870), sendo a discussão da hipótese do espírito sua temática central, porém sem maiores envolvimentos da ciência oficial.


O Episódio de Hydesville


O dia 31 de março de 1848 é o marco inicial do espiritualismo moderno, coforme narrado pelo pesquisador Sir Arthur Conan Doyle. A família Fox, de Hydesville, estado de Nova York, EUA, teve um caso de " poltergeist", que culminou com um diálogo através de pancadas entre a filha mais nova, Kate, de onze anos, e uma inteligência que se dizia o espírito de um caixeiro-viajante (cujos despojos foram encontrados apenas em 1904), que teria sido assassinado pelos antigos moradores da casa.
Os fenômenos continuaram mesmo em presença de uma multidão de curiosos. Ocorreu assim a primeira manifestação pública de diálogo com os espíritos. Deflagrou-se uma onda de manifestações espíritas espontâneas e provocadas, que se espalhou inicialmente pelos EUA, e extravasou-se para a Europa e demais Américas. Tamanha foi sua repercussão que suscitaram as primeiras pesquisas de cientistas sobre fenômenos paranormais, feitas na Universidade de Buffalo em 1851. Concluíram eles pela fraude (estalos do joelho) das irmãs Fox. Esse resultado foi contestado por outros pesquisadores, de vez que as irmãs já haviam sido submetidas a inúmeras comissões de investigação. Os jornais das cidades de Rochester e de Nova York, daquela época, são fartos em artigos sobre esse episódio e outros que o sucederam, instaurando o Modern Spiritualism nos EUA. Elder Evans e outro " shaker" (refugiados religiosos da Inglaterra que cCultivavam o mediunismo) foram visitar as irmãs Fox em Rochester tão logo tomaram conhecimento das manifestações espíritas ocorridas com elas, e foram saudados entusiasticamente pelas forças invisíveis, que diziam que aquilo era o trabalho que tinha sido predito aos "shakers" quatro anos antes.


As Mesas Girantes


Em fins de 1850 os próprios espíritos sugeriram, através das batidas em código, que os experimentadores se colocassem ao redor de uma mesa, apoiando as mãos sobre ela e, ao ser proferida a letra do alfabeto adequada, a mesa levantaria um dos pés e daria uma pancada, formando-se letra-a-letra as mensagens que os espíritos queriam transmitir. Estava estabelecido assim o fenômeno das mesas girantes, que logo se popularizou nos EUA e, atravessando o atlântico, tornou-se o brinquedo noturno da moda nos salões Europeus.
Deve-se esclarecer que o fenômeno das mesas girantes era conhecido nas antiguidades grega e romana, embora tivessem caido no esquecimento posteriormente.
Os fenômenos espíritas, de tão paradoxais, fizeram que a maioria dos cientistas que os estudaram se concentrassem na comprovação da existência, ao invés de procurarem descobrir os mecanismos naturais que os produziam.
Em meio a um clima de enorme desconfiança e, segundo o pesquisador Conan Doyle, sem qualquer conhecimento dos perigos e desgastes a que estavam se submetendo, Kate e Margareth Fox, as médiuns através das quais foi iniciada a onda de fenômenos espíritas, fizeram, a conselho das inteligências que se comunicavam através delas, demonstrações públicas nos EUA durante mais de vinte anos. Em 1871 Kate foi a Londres, sendo aí submetida a testes por, dentre outros, Sir William Crookes, o famoso químico descobridor do tálio e do tubo de raios catódicos. Há relatos de que nessa época chegou a produzir materializações luminosas.
Crookes iniciou estudando os fenômenos espíritas produzidos por D. D. Home, que já havia sido estudado por Lord Adare. Dentre outros fenômenos, a partir de 1870, através da mediunidade de Florence Cook, já estudava a materialização de espíritos. Crookes publicou os resultados de suas pesquisas (inclusive várias fotografias das materializações) em 1874, enfrentando grandes perseguições por causa de sua conclusão favorável à origem espírita dos fenômenos
As irmãs Margareth e Leah Fox(a irmã mais velha) juntaram-se a Kate pouco tempo depois.
Tantas foram as pressões psicológicas sobre Margareth e Kate que suas faculdades entraram em declínio por causa de alcoolismo, e elas morreram no início da década de 1890. Digno de nota é o livro de Leah Fox, que revelou-se a única das três a compreender as importantes implicações filosóficas e morais, para a humanidade, dos fenômenos com que lidavam.


As Mesas Girantes nos EUA

Em janeiro de 1851 o famoso jurista John Worth Edmonds, ex-senador, ex-juiz do Supremo Tribunal de New York, materialista confesso, declara-se convencido da realidade do espírito, após haver presenciado os mais diversos fenômenos de efeitos físicos e de efeitos intelectuais produzidos sob o mais rigoroso controle. O anúncio de sua conversão abalou profundamente a opinião pública norte-americana.
Aproximadamente à mesma época o ex-governador do Winscosin e senador N. P. Tallmadge, dentre outros homens célebres dos EUA, também declarou publicamente sua adesão ao espiritualismo, em função das provas experimentais da sobrevivência obtidas.
Em 1852 os professores W. Bryant, B. K. Bliss, W. Edwards, e David A. Wells, da Universidade de Harvard, após escrupulosos experimentos, publicaram um manifesto em apoio à autenticidade do fenômeno de levitação de mesas.
O primeiro presidente da Universidade de Cleveland, Rev. Mahan, sustentou a tese do fluido magnético para explicar os novos fenômenos, e o Dr. Robert Hare - professor de química da Universidade de Pensilvânia, fez uma série de experiências com fenômenos espíritas, iniciando com os métodos e aparelhos relatados por Faraday em seu relatório à Sociedade Dialética de Londres, e em seguida desenvolvendo seus próprios métodos e aparelhos, com o que se convenceu da realidade dos fenômenos em questão. Em 1853 publicou um livro relatando suas experiências e conclusões, as quais apontavam a existência dos espíritos como causa dos tais fenômenos. Por isso foi praticamente obrigado a renunciar à sua cátedra na Universidade de Pensilvânia, e sofreu perseguições da Associação Científica Americana e de professores da Universidade de Harvard.
Além dos principais jornais norte-americanos, uma interessante fonte de consulta sobre fatos da época é o periódico " Spiritual Telegraph", primeiro jornal espiritista do mundo.
Tamanho interesse tinham despertado os fenômenos espíritas nos EUA, que alguns médiuns atravessaram o Atlântico e levaram as mesas girantes para a Inglaterra, onde logo o fenômeno era assunto de todas as rodas.


As Mesas Girantes na Inglaterra
Os primeiros médiuns americanos desembarcaram na Inglaterra em 1852, levando para lá os novos fenômenos, que a essa altura incluíam, além das batidas, as materializações, levitações, escrita direta, voz direta, psicografia, psicofonia, vidência, clarividência e outros. Foram feitas pesquisas pelo célebre matemático e filósofo Prof. De Morgan, que concluiu pela veracidade dos fenômenos. Faraday realizou pesquisas sobre as mesas girantes, concluindo que tudo se devia a movimentos inconscientes dos médiuns, embora houvesse casos registrados de movimentos das mesas sem contato dos médiuns, conforme réplica do marquês de Mirville a Faraday. O assunto não mereceu maiores envolvimentos da ciência até 1869, quando foi nomeada uma comissão pela Sociedade Dialética de Londres.
As Mesas Girantes na Alemanha
O Dr. Kerner, que já havia estudado a Vidente de Prevorst, publicou um livro sobre as mesas girantes[103], e uma comissão de renomados professores da Universidade de Heidelberg, composta por Karl Mittermaier, Henrich Zoepfl, Robert von Mohl, Renaud, Vangerow, Carl von Eschemayer, Joseph Ennemoser, o Dr. Justinus Kerner, e o Dr. Loewe também pesquisou o fenômeno das mesas girantes, publicando um relatório a respeito. As experiências com o fenômeno das mesas girantes na Alemanha logo ganharam espaço na imprensa francesa, estimulando a divulgação do fenômeno naquele país.
As Mesas Girantes na França

Segundo Wantuil, o marquês de Mirville, literato Eugène Nus, e o conde de Gasparin historiam a chegada do fenômeno das mesas girantes à França, em 1853. Mirville defendia a realidade dos fenômenos e exigia o pronunciamento da ciência sobre eles. O químico Michel Chevrel, em resposta a Mirville, em nome da Academia de Ciências de Paris, publicou um livro em que explicava os fenômenos da vara divinatória, do pêndulo e das mesas girantes como frutos ou da charlatanice ou de movimentos inconscientes dos operadores, no que foi imediatamente refutado por Mirville, por Gasparin, e pelo Dr. Louis Figuier, os quais apontaram no trabalho de Chevrel, além de graves falhas metodológicas e de argumentação, a omissão de fatos comprovados. Era opinião corrente na época que as mesas girantes poderiam ser explicadas pelo magnetismo animal, mas o magnetismo animal não era bem visto pelas academias científicas, estabelecendo-se calorosa contenda entre os magnetistas e seus adversários. O fenômeno das mesas girantes veio confundir ainda mais os debates, pois suscitava a interpretação de que por trás dele haveria a existência de espíritos, o que chocava tanto as mentes que tinham os espíritos como crendices populares quanto as que os tinham como coisas demoníacas.
Alguns periódicos franceses da época são também importantes fontes bibliográficas sobre os fenômenos do magnetismo animal, sonambulismo, e espiritismo.
Surgimento do Espiritismo

O educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, iniciou estudos dos fenômenos das mesas girantes, escrita automática e outros, aplicando-lhes o método científico. O primeiro fruto dessas investigações foi " O Livro dos Espíritos", em que a interpretação dos fenômenos observados o leva à conclusão da existência e comunicação dos espíritos. Devem-se a ele a criação das palavras " médium", " mediunidade", e " espiritismo", dentre outras. Nota-se em sua obra uma grande influência da idéia do magnetismo animal. Fundou em 1858 e dirigiu a " Revue Spirite", que foi importante fórum de debates sobre a fenomenologia, filosofia e religião espíritas. O mais antigo tratado específico sobre mediunidade foi lançado pelo mesmo autor em 1861 sob o título de " O Livro dos Médiuns". Kardec foi classificado por Charles Richet como o mais influente personagem, entre os anos de 1847 e 1871, na ciência do paranormal. Maiores detalhes biográficos podem ser encontrados na biografia elaborada por Wantuil.
(Na atualidade a obra de Kardec foi profundamente analisada pelo físico e filósofo da ciência Sílvio S. Chibeni, que em recente artigo assim se expressou: (Kardec) "nos legou um paradigma (científico) admiravelmente coerente, abrangente, empiricamente adequado e heuristicamente fértil, que não deixa nada a desejar aos mais bem sucedidos paradigmas das ciências ordinárias, como a termodinâmica, o eletromagnetismo, as teorias da relatividade, a mecânica quântica, etc". Mais adiante, no mesmo artigo, Chibeni faz um admiravelmente sucinto resumo da obra de Kardec:
"Como uma indicação geral e aproximada, podemos dizer que O Livro dos Espíritos, estabeleceu a ontologia e os princípios teóricos básicos (do Espiritismo); O Livro dos Médiuns e a segunda parte de O Céu e o Inferno efetuaram a conexão com a base experimental; O Evangelho Segundo o Espiritismo e a primeira parte de O Céu e o Inferno exploraram as repercursões filosóficas do paradigma (espírita) no campo da ética; A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo e ensaios diversos nas Obras Póstumas e na (Revue Spirit) Revista Espírita aprofundaram vários pontos da teoria (espírita), sendo que a revista constitui também valioso repositório de relatos experimentais".
Para concluir, pode-se afirmar, com base nos trabalhos de Chagas e Chibeni, que até hoje não surgiu uma teoria dos fenômenos espíritas mais sólida, estável, abrangente e bem sucedida que a de Kardec, a qual é a única a atender aos mais modernos e exigentes conceitos de cientificidade.

Chamou-se de Período Científico este que inicia-se com as primeiras pesquisas de Sir William Crookes (1870) e vai até a atualidade, caracterizando-se pela visão positivista de Ciência que esterilizou todos os esforços realizados.

Um comentário:

Anônimo disse...

desde 1999 que sinto no meu corpo pancadas , descobri cedo que era um codigo para falarem comigo , cada zona significava uma resposta . fui a londres para ver se la sentia , e senti . mas antes no caminho em terra para o aeroporto usaram as pancadas para me dizer - nao vas , eles vao tambem - por desespero fui . quem faz isto ? envie mail para osvaldomarques05@hotmail.com
sofro muito com isto , nao quero sentir isto , pode me dizer quem faz isto ? a policia tem de prender estas pessoas . obrigado