quarta-feira, 19 de setembro de 2007

BIOGRAFIA - CAMILLE FLAMMARION

Nicolas Camille Flammarion, mais conhecido como Camille Flammarion Montigny-le-Roi, 26 de fevereiro de 1842 - Juvisy-sur-Orge, 3 de junho de 1925), foi um astrônomo francês.
Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX.
Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética. Foi educado em Langres e tornou-se o primeiro aluno da escola onde freqüentava. Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com o vigário Lassalle. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória. Em pouco tempo estava lendo os discursos de Massilon e Bonsuet. O padre Mirbel falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia e mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as palavras. Esse auxiliar era Camille Flammarion, aquele que iria ilustrar a letra e a significação galo-romana do seu nome -- Flammarion: "Aquele que leva a luz". Nas aulas de religião era ensinado que uma só coisa é necessária: "a salvação da alma", e os mestres falavam: "De que serve ao homem conquistar o Universo se acaba perdendo a alma?".
Foi dura a vida dos Flammarions, e Camille compreendeu o mérito de seu pai entregando tudo aos credores. Reconhecia nele o mais belo exemplo de energia e trabalho, entretanto, essa situação levou-o a viver com poucos recursos. Camille, depois de muito procurar, encontrou serviço de aprendiz de gravador, recebendo como parte do pagamento casa e comida. Comia pouco e mal, dormia numa cama dura, sem o menor conforto; era áspero o trabalho e o patrão exigia que tudo fosse feito com rapidez. Pretendia completar seus estudos, principalmente a matemática, a língua inglesa e o latim. Queria obter o bacharelado e por isso estudava sozinho à noite. Deitava-se tarde e nem sempre tinha vela. Escrevia ao clarão da lua e considerava-se feliz. Apesar de estudar à noite, trabalhava de 15 a 16 horas por dia. Ingressou na Escola de desenho dos frades da Igreja de São Roque, a qual freqüentava todas as quintas-feiras. Naturalmente tinha os domingos livres e tratou de ocupá-los. Nesse dia assistia as conferências feitas pelo abade sobre Astronomia. Em seguida tratou de difundir as associações dos alunos de desenho dos frades de São Roque, todos eles aprendizes residentes nas vizinhanças. Seu objetivo era tratar de ciências, literatura e desenho, o que era um programa um tanto ambicioso.Aos 16 anos de idade, Camille Flammarion foi presidente da Academia, a qual, ao ser inaugurada, teve como discurso de abertura o tema "As Maravilhas da Natureza". Nessa mesma época escreveu "Cosmogonia Universal", um livro de quinhentas páginas; o irmão, também muito seu amigo, tomou-se livreiro e publicava-lhe os livros. A primeira obra que escreveu foi "O Mundo antes da Aparição dos Homens", o que fez quando tinha apenas 16 anos de idade. Gostava mais da Astronomia do que da Geologia.
Assim era sua vida: passar mal, estudar demais, trabalhar em exagero. Um domingo desmaiou no decorrer da missa, por sinal, um desmaio muito providencial. O doutor Edouvard Fornié foi ver o doente. Em cima da sua cabeceira estava um manuscrito do livro "Cosmologia Universal". Após ver a obra, achou que Camille merecia posição melhor. Prometeu-lhe, então, colocá-lo no Observatório, como aluno de Astronomia. Entrando para o Observatório de Paris, do qual era diretor Levèrrier, muito sofreu com as impertinências e perseguições desse diretor, que não podia conceber a idéia de um rapazola acompanhá-lo em estudos de ordem tão transcendental. Retirando-se em 1862 do Observatório de Paris, continuou com mais liberdade os seus estudos, no sentido de legar à Humanidade os mais belos ensinamentos sobre as regiões silenciosas do Infinito. Livre da atmosfera sufocante do Observatório, publicou no mesmo ano a sua obra "Pluralidade dos Mundos Habitados", atraindo a atenção de todo o mundo estudioso. Para conhecer a direção das correntes aéreas, realizou, no ano de 1868, algumas ascensões aerostáticas.
A partir dessa época, Flammarion começou a escrever livros populares de astronomia que foram traduzidos para diversas línguas. Uma de sua obras mais conhecidas é Astronomia Popular, de 1880, pela qual recebeu da Academia Francesa, o prêmio Montyon. Editou uma série de revistas científicas e astronômicas. Em 1870 escreveu e publicou um tratado sobre a rotação dos corpos celestes, através do qual demonstrou que o movimento de rotação dos planetas é uma aplicação da gravidade às suas densidades respectivas.
No fim de sua vida escreveu sobre pesquisas de física. Em 1883, Flammarion fundou o observatório de Juvisy-sur-Orge, dirigindo-o pelo resto de sua vida, incentivando o trabalho de observadores amadores.
Em 1887 fundou a Sociedade Astronômica da França. Seus trabalhos para a popularização da astronomia fizeram com que fosse agraciado, em 1922, com um prêmio da Legião de Honra.
Suas obras, de uma forma geral, giram em torno do postulado espírita da pluralidade dos mundos habitados.
Camille Flammarion, segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte. Flammarion--"poeta dos Céus", como o denominava Michelet -- tornou- se baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador.


Atuação como espírita

Universum - Representação do Universo gravada em madeira (xilogravura), usada por Camille Flammarion na sua obra L'atmosphère: météorologie populaire, (Paris 1888) - (Coloração de Heikenwaelder Hugo, Viena 1998).
Tornando-se espírita convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido escolhido para proferir o discurso à beira do túmulo do codificador do Espiritismo, no qual o denominou de "o bom senso encarnado". A íntegra desse discurso consta do início de Obras Póstumas, em edição da FEB.
Suas obras, a partir de então, revelam a sua visão espírita sobre questões fundamentais para a humanidade, como se poderá constatar pelo títulos de algumas obras que constam listadas na bibliografia. Em algumas delas, como "Narrações do Infinito", poderá ser verificada, ainda, a atuação de Camille Flammarion como médium.
O Capítulo VI de A Gênese, uma das obras básicas do Espiritismo, intitulado "Uranografia Geral - o espaço e o tempo", é a transcrição de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título "Estudos Uranográficos" assinadas por Galileu (espírito) e tendo o médium sido registrado como C.F., as iniciais de Camille Flammarion.

Obras
  • La pluralité des mondes habités (A Pluralidade dos Mundos Habitados), 1862.
  • Les Mondes imaginaires et les mondes réels (Os Mundos Imaginários e os Mundos Reais), 1864.
  • Les mondes célestes (Os Mundos Celestes), 1865.
  • Études et lectures sur l'astronomie (Estudos e Palestras sobre a Astronomia), em 9 volumes, 1866-1880.
  • Dieu dans la nature (Deus na Natureza), 1866.
  • Contemplations scientifiques (Contemplações Cientíicas), 1870-1887, 2 séries.
  • Voyages aériens (Viagens Aéreas), 1870.
    L'Atmosphère (A Atmosfera), 1871.
  • Récits de l'infini (Narrações do Infinito), 1872.
  • Histoire du ciel (História do Céu), 1872.
  • Récits de l'infini, Lumen, histoire d'une comète (Narrações do Infinito, Lúmen, História de um Cometa), 1872.
  • Dans l'infini (No Infinito), 1872.
  • Vie de Copernic (Vida de Copérnico), 1873.
  • Les Terres du ciel (As Terras do Céu), 1877.
  • Atlas céleste (Atlas Celeste), 1877.
  • Cartes de la Lune et de la planète Mars (Mapas da Lua e do Planeta Marte), 1878.
  • Catalogue des étoiles doubles en mouvement (Catálogo das Estrelas Duplas em Movimento), 1878.
  • Astronomie sidérale (Astronomia Sideral), 1879.
  • Astronomie populaire (Astronomia Popular), 1880. Recebeu por esta obra o prêmio Montyon, da Academia Francesa.
  • Les étoiles et les curiosités du ciel (As Estrelas e as Curiosidades do Céu), 1881.
  • Le Monde avant la création de l'homme. (O Mundo Antes da Criação do Homem), 1886.
  • Dans le ciel et sur la Terre (No Céu e Sobre a Terra), 1886.
  • Les Comètes, les étoiles et les planètes (Os Cometas, as Estrelas e os Planetas), 1886.
    Uranie (Urânia), 1889.
  • Centralisation et discussion de toutes les observations faites sur Mars (Centralização e Discussão de Todas as Observações Feitas sobre Marte), em 2 volumes, 1892-1902.
  • La fin du monde (O Fim do Mundo), 1894.
  • Les Imperfections du calendrier (As Imperfeições do Calendário), 1901.
  • Les Phénomènes de la foudre (Os Fenômenos do Raio), 1905.
  • L'Atmosphère et les grands phénomènes de la nature (A Atmosfera e os Grandes Fenômenos da Natureza), 1905.
  • L'Inconnu et les problèmes psychiques (O Desconhecido e os Fenômenos Psíquicos), 1917.
  • La Mort et son mystère (A Morte e o Seu Mistério), 1917.
  • Les Maisons Hantées (As Casas Mal Assombradas), 1923.

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