quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

BIOGRAFIA - FRANCISCO RAIMUNDO EWERTON QUADROS

Entre os trabalhadores da primeira hora, no Espiritismo do Brasil, o Marechal Francisco Raimundo Ewerton Quadros ocupa lugar de justificada saliência, em virtude da valiosa colaboração que prestou à ingente obra de disseminação e explanação da doutrina codificada por Allan Kardec.

Homem de grande envergadura moral, possuidor de sólida e generalizada cultura, doutor em engenharia e figura de prestígio na sociedade e no Exército nacionais, tendo sucedido ao General Franklin do Rego Cavalcanti de Albuquerque Barros na presidência do Clube Militar, exatamente no governo de Prudente de Morais, o marechal Ewerton Quadros, não obstante tudo isso, não se deixou fascinar pelas ambições da vida material.

Espírito ativo e familiarizado com estudos profundos, escreveu numerosos trabalhos de cunho filosófico, os quais constituem inequívoco atestado do seu valor intelectual.

De costumes austeros, mas de visão larga, não tardou fosse atraído pelo Espiritismo, dele se tornando, desde 1872, dos mais probos e autorizados propagandistas, pelo verbo e pela pena, ajudado pelas várias mediunidades que possuía, principalmente a da vidência, o que maior força imprimia às suas já alicerçadas convicções doutrinárias.

Ele mesmo, através das páginas de “Reformador”, contou uma série de notabilíssimos fenômenos devidos aos seus dons mediúnicos, os quais nele se manifestavam desde a idade de oito anos.

Em março de 1873, desenvolveu-se-lhe a psicografia, e, em pouco tempo, começou a produzir trabalhos admiráveis. Experimentando a sua nova faculdade mediúnica, no sentido de comprovar a não participação do seu próprio Espírito nas comunicações, obteve, certa vez, que um Espírito evocado por um seu amigo seu manifestasse, a este respondendo a perguntas mentais, sobre História.

Ao ser criada a Federação Espírita Brasileira, foi ele eleito seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1888, quando cedeu o posto ao Dr. Bezerra de Menezes, cujo nome havia sido sufragado para esse fim.

Francisco Raimundo Ewerton Quadros mostrou-se à altura de sua missão.

Cultivou sempre com acendrado carinho as virtudes cristãs, servindo ao Espiritismo e à Federação Espírita Brasileira, com a superioridade e firmeza dos verdadeiros crentes.

Foi legítimo semeador das verdades evangélicas, pregando-as pelo exemplo constante e pela palavra.

Jamais ocultou, a quem quer que fosse, as suas convicções.

Serviu à fé espírita com ilimitado devotamento, deixando, ao retornar à vida espiritual, o testemunho seguro do trabalhador que bem cumpriu seus deveres, como sói acontecer com todos aqueles que se propõem seguir a consoladora doutrina do Cristo.

Ewerton Quadros nasceu na capital do Maranhão, em 17 de outubro de 1841, e faleceu no Rio de Janeiro aos 20 de novembro de 1919.

Seu pai, Capitão honorário Francisco Raimundo Quadros, desencarnado no referido Estado do norte brasileiro, em 1874, criou outros filhos, entre eles um futuro oficial da Armada, falecido em Montevidéu, também em 1874.

Órfão de mãe em tenra idade, Ewerton Quadros foi criado por sua tia e madrinha, que partiu para o Além em 1868.

Fez na terra natal, com o maior brilhantismo, o seu curso de humanidades e, em princípios de 1860, rumou para o Rio.

Aí, mal saído da Escola Militar, em 1864, como Alfares-aluno adido ap 1o. Batalhão de Artilharia a pé, segue a reunir-se às forças invasoras da Republica Oriental, o que lhe valeu as medalha C.O.

Daí avança para o Paraguai, de onde volta, em 1870, como Capitão, Cavaleiro da Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da Ordem de S. Bento de Aviz, e fazendo jus à medalha geral da Campanha do Paraguai com o passador de prata e o número 5(P-5), bem como à medalha Argentina, concedida pelo governo dessa República, e à medalha(oval) de Paissandu.

Desempenhou depois, e até 1872, várias funções nos Comandos Militares do Pará e Amazonas, sempre louvado em ordens regimentais “pelas nobres qualidades que o distinguem como militar disciplinado e severo cumpridor de seus deveres, pelos bons serviços que prestou com dedicação, zelo, inteligência e sisudez que o caracteriza”.

Forma-se me Engenharia pela Escola Central da Corte (atual Escola Politécnica), toma grau de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas em 3/7/1874, e vai trabalhar um lustro no Rio Grande do Sul, como Ajudante da Comissão de Engenharia Militar naquele Estado sulino.

Espírita desde 1872, conforme já falamos, logo começou a colaborar na propaganda da Doutrina Espírita, tendo sido um dos fundadores, em 7 de junho de 1881, do Grupo Espírita Humildade e Fraternidade, no Rio.

Este Grupo, desdobramento do Grupo Espírita Fraternidade, que se instalara aos 21 de março de 1880, compunha-se de “algumas pessoas ilustradas que se consagravam ao estudo sério da doutrina espírita”.

Seus primeiros escritos espíritas saíram publicados na “Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, periódico fundado em Janeiro de 1881, o segundo órgão espírita surgido no Rio de Janeiro.

O primeiro trabalho de Ewerton Quadros ali apareceu nos meses de agosto e setembro de 1881.

Era um erudito estudo sobre “O Magnetismo na Criação”.

Seguiu-se a este, em Fevereiro de 1882, bela poesia de sua autoria, em dezesseis estrofes de quatro versos, intitulada – “O Redivivo”.

E em seu número de Julho de 1882, a referida Revista estampava primorosa e edificante página poética recebida, através da mediunidade de Ewerton Quadros, aos 18 de junho de 1880.

Intitulava-se “Morrer é deixar a ilusão pela verdade”, e fora assinada com as iniciais A.A.

Participou ativamente da fundação da Federação Espírita Brasileira, e foi eleito seu primeiro presidente (1884-1888).

Nesse tempo era ele Major do Estado Maior de Artilharia do Exército.

Em 1888, deu à FEB sede independente, pois que até então funcionava na residência de um que outro confrade.

É assim que a FEB ficou instalada no sobrado do prédio número 17 da Rua Clube Ginástico Português, depois Rua Silva Jardim. Ewerton Quadros realizou, além de outras, duas eruditas conferências no salão da Guarda Velha, na Rua Guarda Velha (atual Av. 13 de Maio), enfileirando-se entre os que abrilhantaram aquele memorável ciclo de conferências públicas, de larga repercussão, patrocinadas pela FEB.

Colaborou no “Reformador” e em outros órgãos da imprensa espírita até os derradeiros meses de sua vida terrena.

Alguns meses antes de falecer, doou à FEB, da qual era presidente honorário desde 1891, muitos exemplares do seu livro “Os Astros”, para com o produto de sua venda socorrer os pobres da Assistência aos Necessitados.

Possuía Ewerton Quadros incontestável cultura e vasta erudição, sendo amplos os seus conhecimentos de Astronomia, História Natural e História Universal.

Seus artigos em prosa eram às vezes assinados com o pseudônimo Freq.

Revelou-se igualmente como poeta, publicando de vez em quando suas produções nos periódicos espíritas.

Deixou em numerosos escritos e em várias obras o fruto de suas meditações iluminadas pelo Espiritismo.

São de sua lavra: “História dos Povos da Antiguidade”, escrita sob o ponto de vista espírita, até a vinda do Messias,etc.; “Os Astros”, estudos da Criação; Conferência sobre “O Espiritismo”, seu lugar na classificação das ciências, etc.; “As Manifestações do Sentimento Religioso Através dos Tempos”; “Catecismo Espírita”, dedicado às meninas; etc.

Logo que saiu o primeiro livro acima citado, a Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, de fevereiro de 1882, deu dele ciência ao público ledor, dizendo a seguir: “O Sr. Dr.Quadros é mais um trabalhador incansável e corajoso que se apresenta na arena da propaganda, como demonstra o importante volume que acaba de publicar, cujo assunto só por si é recomendação para os estudiosos, abona o autor, e dá testemunho da perseverança com que se dedica aos trabalhos espiríticos.”

Traduziu muitos artigos, bem como obras, do francês e do inglês, sobressaindo entre estas últimas “O Fenômeno Espírita”, de Gabriel Delanne; “Bases Cientificas do Espiritismo”, de Epes Sargent; “Região em Litígio entre este mundo e o outro”, de Robert Dale Owen.

Cristão sincero, depressa compreendeu a necessidade de vulgarizar a notável obra mediúnica coordenada e publicada em França por J.B.Roustaing – “Os Quatro Evangelhos”.

Atirou-se a árdua tarefa com entusiasmo e, em 1883, terminou a sua tradução, que foi a primeira em língua portuguesa.

“Reformador” começou a publicá-la em 15 de janeiro de 1898, só o fazendo parcialmente.

Em 1900, saiu, editada pela FEB, a 1a. edição da referida obra, em três volumes, traduzida, ao que parece, pelo Sr. Henrique Vieira de Castro(cf. “Reformador”, 1921,pg.443).

Em fins de 1918, a Federação Espírita Brasileira cogitou em reeditar a referida obra de Roustaing, agora na tradução do dr. Guillon Ribeiro, para isso tendo encetado uma campanha.

Pois bem, Ewerton Quadros formou-se, imediatamente entre os primeiros subscritores dessa edição, que saiu em 1920.

Tomou parte nas conferências escolares que em fins do século passado se realizavam anualmente no Liceu de São Cristóvão.

Discorria, então, para os alunos, sobre assuntos ligados à Astronomia.

De 1880 a 1887 participou de várias e importantes atividades no Exército, inclusive num projeto de uma estrada que ligasse a Corte às Províncias do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, bem assim na confecção de plantas de dezenas de cidades do Rio Grande do Sul, com planos defensivos e memórias descritivas.

Em 1889 é comissionado pelo governo central nos sertões de Goiás, daí porque não fora reeleito para a presidência da FEB.

E, depois disso, andou por várias regiões brasileiras, em comissões científicas e militares, tendo trabalhado, por exemplo, junto à comissão militar(que também chefiou) encarregada da linha telegráfica entre Uberaba e Cuiabá, cujos trabalhos de observação e exploração ele publicou numa Memória.

Esta Memória terminava com um vocabulário comparado, do português com as línguas indígenas: guarani, caiuá, coroado e xavante.

Ewerton Quadros prestou ao País relevantes serviços, tendo exercido cargos de elevada responsabilidade, recebendo várias medalhas de mérito científico e militar.

Não foi o sétimo presidente do Clube Militar, conforme assinala a “Revista do Clube Militar” de abril de 1940,pág.22.

Pesquisas por nós realizadas em extensa documentação, inclusive nas Atas das Assembléias Gerais do referido clube, patenteiam ter sido Ewerton Quadros o sexto presidente(1895-1896), eleito em sucessão ao Gen. Franklin do Rego Cavalcanti de Albuquerque Barros.

O jornal “O Paíz” põe por terra qualquer dúvida que ainda possa subsistir.

Em seu número de 30 de abril de 1895, ele relacionou os membros da nova diretoria do Clube Militar, eleitos no dia anterior. Ewerton Quadros foi, também, diretor do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, Comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro(1894-95), então localizada na Praia Vermelha, e lente da Escola Politécnica.

Agraciado pelo governo do Marechal Deodoro com a Ordem de Avis, no grau de Oficial.

Constituiu-se num dos mais esforçados auxiliares do Marechal Floriano Peixoto durante a revolta de 1893-1894, tendo sido Comandante do 5o. Distrito Militar, Comandante-em-Chefe das forças em operações no Paraná, Comandante das Fortalezas de São João e da Laje.

Reformado no posto de Marechal, por Decreto de 4 de julho de 1895.

Por volta de 1908, dirigiu, com outros diretores, a “Liga de Propaganda das Ciências Psico-Físicas”, que se ocupava dos fenômenos regidos por forças supranormais.

Além da notável cultura filosófica e científica que demonstrou possuir, era ele senhor de riqueza bem maior e mais apreciável – a do coração, a dos sentimentos cristãos.

Suportou, sereno e resignado, todos os golpes da calúnia, da intriga e do sarcasmo com que tentaram empanar-lhe o brilho da trajetória terrena.

A causa do Espiritismo no Brasil teve nele uma das mais fortes colunas.

Com a sua pena culta, com a sua palavra esclarecida e autorizada, com seu exemplo de cidadão reto e honrado, foi um dos maiores propagandistas a serviço da Doutrina Espírita.

BIOGRAFIA - JOANA FRANCISCA DA COSTA

Joana Francisca Soares da Costa


LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves

Nascida na cidade de Santos, São Paulo, no dia 12 de outubro de 1825 e desencarnada no Rio de Janeiro, no dia 27 de maio de 1927, com 101 anos.

Militou no Espiritismo entre os trabalhadores da primeira hora, fazendo parte do quadro associativo do Centro Espírita Beneficente “Antônio de Pádua”, uma das primeiras associações espíritas a ser fundada no Rio de Janeiro, freqüentada pelos grandes pioneiros do Espiritismo.

O seu neto, General Flamarion Pinto de Campos, possui um Diploma a ela conferido, em 27 de dezembro de 1888, pelos seus bons serviços prestados àquela instituição.

Médium receitista e curador de excelentes qualidades, Joana Francisca foi o refúgio para uma multidão de aflitos que a procuraram em busca de lenitivo para suas dores físicas e morais, atendendo a todos com a mesma solicitude e carinho, sem qualquer restrição.

Fez de sua residência, no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, um posto avançado da caridade cristã.

Joana Francisca Soares da Costa, mais conhecida por “Vovó Joanna”, nasceu em Santos, São Paulo, na Fortaleza da Barra – Bertioga – onde o seu pai servia como militar.

Era filha do Major Leonardo Luciano de Campos e de Maria Luíza de Campos.

Casou-se no dia 20 de agosto de 1846 com o Capitão João Antônio da Costa, Oficial da Arma de Infantaria, que se tornou posteriormente, veterano da Guerra do Paraguai, deixando-a viúva no dia 28 de outubro de 1880.

Seu filho único, João Antônio da Costa Campos, também participou da Guerra do Paraguai.

Joana Francisca teve muitas amizades no seio da família espírita no início de suas atividades no Rio de Janeiro.

Dotada de diversas faculdades mediúnicas, fez parte do Centro Espírita Beneficente “Antônio de Pádua, um dos primeiros a aderir à Federação Espírita Brasileira (FEB).

Manteve também permanente contato com os fundadores da FEB, freqüentando-a assiduamente e desfrutando da amizade de sua diretoria, como Elias da Silva, Major Ewerton Quadros, Bittencourt Sampaio e tantos outros, que naquela época praticavam o Espiritismo desassombradamente e sem reservas.

Foi amiga e confidente do Dr. Dias da Cruz e do Dr. Bezerra de Menezes, que muito se serviram da sua mediunidade curadora.

Freqüentou muito as Clínicas Homeopáticas desses inesquecíveis médicos, que deixaram nome no cenário político e espírita do Rio de Janeiro.

Como sua genitora, o filho João Antônio da Costa Campos, foi caloroso defensor da Doutrina Espírita, juntamente com a sua esposa Porciana Pinto de Campos, no mesmo ritmo de trabalho, praticando o Espiritismo com muito amor.

Pai de dois filhos, que acompanharam a tradição da família.

Allan Kardec Pinho de Campos, advogado, professor e jornalista, e Flamarion Pinto de Campos, que seguiu a carreira militar e é hoje General do Exército Brasileiro, já na reserva.

Ambos militantes do Espiritismo e eméritos conferencistas, difusores da Doutrina sob todos os aspectos possuindo cada um bela folha de serviços prestados.

Allan Kardec Pinto de Campos desencarnou aos 29 anos de idade, na cidade de Alfenas, no Estado de Minas Gerais, como Presidente do Centro Espírita “Allan Kardec”, fundado por ele naquela cidade.

O General Flamarion Pinto de Campos permanecia, ainda em 1976, nas lides espíritas do Rio de Janeiro, sendo um dos fundadores da Cruzada dos Militares Espíritas e da Casa de Recuperação e Benefícios “Bezerra de Menezes”.

Qual verdadeira “Clã espírita”, os netos, bisnetos e tetranetos da “Vovó Joanna” professam o Espiritismo.

Assim a semente lançada pela nossa biografada caiu em terra fértil e dadivosa, pois medrou, floriu e deu bons frutos, desvendando para sua família os horizontes espirituais, graças à sua persistência no bem e à compreensão para com o próximo, cumprindo fielmente o mandamento maior – “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Quando ficou impossibilitada de se deslocar de casa para a Federação Espírita Brasileira e para outras instituições espíritas da cidade, organizou em sua própria residência um grupo de estudo da Doutrina, no qual mercê de Deus atendia aos doentes do corpo e da alma, aconselhando a vivência evangélica como o melhor remédio para todos os sofredores.

Tudo nos leva a crer que Joana Francisca Soares da Costa foi um desses espíritos missionários da equipe de Ismael, que reencarnou no Brasil com a tarefa de semear em solo brasileiro as sementes do Evangelho de Jesus, à luz da Terceira Revelação.


LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves. Personagens do Espiritismo. Edições FEESP, 1982. 1ª edição, SP.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

BIOGRAFIA - IVON COSTA


Nascido na Cidade de São Manuel - MG, hoje Eugenópolis, no dia 15 de julho de 1898 e desencarnado em Porto Alegre -RS, no dia 9 de janeiro de 1934, com apenas 35 anos de idade, Ivon Costa foi um dos mais notáveis conferencistas espíritas do Brasil, contribuindo decisivamente com sua palavra abalizada e esclarecedora no sentido de dinamizar a difusão da Doutrina Espírita, o que fez com fibra inquebrantável e verdadeiro denodo.

Dotado de invejável dom de oratória e possuindo um magnetismo contagiante e uma voz privilegiada, arrebatava os auditórios com a força de sua argumentação.

Foi seminarista, entretanto, quando faltavam apenas dezenove dias para a sua ordenação sacerdotal, constatou-se que ele não possuía certidão de batismo. Em face da confusão estabelecida, Ivon desistiu de seguir a carreira eclesiástica.

Dirigiu-se, então, para o Rio de Janeiro onde estudou e se diplomou em Medicina.

Era notável poliglota, falando perfeitamente o francês, o inglês, o alemão e o espanhol.

Atravessando, certa vez, uma fase difícil em sua vida, viu-se defronte de um centro espírita, onde se realizava uma reunião pública.

Movido por estranho impulso adentrou a sede da instituição e ali ouviu os comentários sobre a Codificação Kardequiana.

Ao retirar-se, estava transformado, pois havia encontrado a resposta a todas as suas indagações.

Tornou-se espírita e iniciou logo as tarefas de pregador.

Possuindo sólida bagagem intelectual e médium que era, destacava-se com raro brilhantismo na tribuna, mantendo, além disso, diálogo com os assistentes, a fim de esclarecer melhor os argumentos empregados nas conferências.

Não existe cidade importante do Brasil - à época -, onde Ivon Costa não tenha efetuado palestras. Era um tribuno extraordinário, de largos recursos de lógica. Sabia abordar os temas com eloqüência e brilho. Aceitava, freqüentemente discussões públicas, tendo mantido algumas cuja palma não coube ao adversário.

Percorreu também países da Europa, dentre eles Portugal, Espanha, França, Holanda, Bélgica e Luxemburgo.

Certa vez, ia falar em Maceió - AL, num teatro alugado, mas, pouco antes da conferência, o teatro foi fechado por ordem do bispo local.

O público, inconformado com a atitude do clero, levou-o à praça, onde a palestra foi realizada.

Em represália, os sinos da igreja repicaram e alguns fanáticos lhe atiraram pedras; porém, ele suportou tudo com estoicismo e verdadeiro espírito de renúncia.

Ivon Costa residiu dois anos na Alemanha. Em seguida mudou-se para Paris, onde exerceu a função de intérprete de cinema, na Paramount.

Em todos os lugares por onde passava, deixava as sementes da Doutrina dos Espíritos.

Também participou do Congresso Internacional de Espiritismo, em Haia, Holanda.

Em 1932 Ivon Costa retornou definitivamente para o Brasil, passando a residir em Porto Alegre, onde clinicava gratuitamente.

Podemos afirmar que Ivon Costa foi o espírita que mais excursionou no propósito de propagar os ideais reencarnacionistas, sendo a sua tarefa muito semelhante àquela desempenhada pelo grande tribuno Vianna de Carvalho.

Ali desencarnou, no dia 9 de janeiro de 1934, aos 35 anos de idade. O Espiritismo muito deve a Ivon Costa, pois foi o tribuno espírita que mais excursionou, sendo sua tarefa semelhante à de Vianna de Carvalho e de Divaldo Pereira Franco.

Da bibliografia de Ivon Costa, consta o livro "O Novo Clero", e da sua obra missionária resultou a fundação de elevado número de sociedades espíritas em todo o Brasil.



Fonte de consulta: Livro Personagens do Espiritismo, de Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy - Edições FEESP

Do jornal Mundo Espírita de Julho/1998

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

BIOGRAFIA - IRTHES THEREZINHA DE ANDRADE

Irthes Therezinha Lisboa de Andrade - Nascida em Ubá, Estado de Minas Gerais, no dia 21 de agosto de 1925, e desencarnada na mesma cidade aos 15 de julho de 1977.

Era filha de Virgílio Ferreira de Andrade e Maria do Carmo Lisboa de Andrade.

Seu pai era conhecido tipógrafo daquela localidade, fundador de vários jornais, muito querido e acatado pelos seus conterrâneos.

Irthes Terezinha cursou as primeiras letras no Grupo Escolar Cel. Camilo Soares e fez o curso normal no “Sacre Coeur de Marie”, onde se diplomou professora primária. Logo após a sua formatura foi nomeada para lecionar no Ginásio Municipal Raul Soares, de cujo estabelecimento se tornou secretária até 1976, quando se afastou por motivo de grave enfermidade.

Na mais tenra idade começou a sentir uma série de anomalias, o que foi motivo de grandes preocupações para seus pais.

Apesar dos constantes cuidados médicos, a Medicina não conseguiu diagnosticar a causa de seus males, que se manifestava por visões atormentadoras, suores noturnos e outras manifestações que lhe infundiam grande terror.

Quando esgotados todos os recursos médicos, seu pai, que já era convicto das verdades contidas no Espiritismo, apesar dos protestos de sua mãe, que era de formação católica, levou-a a um médium, através do qual o benfeitor espiritual afirmou que ela era uma criança destinada a uma grande tarefa na Terra.

Nessa época, com sete anos de idade, ela experimentou sensível melhora.

Por influência de sua mãe, Irthes Terezinha criou-se muito apegada às tradições católicas, entretanto, não se conformava com alguns dogmas e ensinamentos dessa religião.

No início de 1945, pediu ao seu confessor alguns esclarecimentos sobre a existência do inferno e dos demônios.

Foram tão absurdas as respostas e explicações do sacerdote, que ela deliberou se afastar definitivamente do seio da Igreja.

Sua mãe também foi acometida de violenta perturbação espiritual, o que fez com que seu pai apelasse para o Espiritismo, através do qual ela teve cura total, pois a enfermidade regrediu imediatamente.

À vista desse fenômeno, quando a paz voltou ao seu lar, Irthes Terezinha interessou-se sobremaneira pela leitura de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, ali encontrando resposta para a sua perene indagação interior sobre as vidas sucessivas.

Nesse repositório de ensinamentos consoladores ela encontrou explicação para suas dúvidas e conseguiu varrer da sua mente a sombra da dúvida que ali existia sobre a bondade incomensurável do Criador.

A partir de junho de 1945 integrou-se no Centro Espírita Ismael, da cidade de Ubá.

Ali se desenvolveram as suas faculdades mediúnicas, principalmente da psicografia e psicofonia.

Desde então dedicou-se de corpo e alma à tarefa de evangelização das crianças, o que fez durante 32 anos consecutivos.

Teve notável vocação para a música e poesia, entretanto, não conseguiu condições para o cultivo dessas artes.

Após o desenvolvimento de suas faculdades mediúnicas, começou a psicografar versos muito imperfeitos, sem identificação dos autores espirituais.

Em 1950, numa reunião particular na cidade de Leopoldina (MG), com a presença do médium Francisco Cândido Xavier, ela recebeu o primeiro soneto assinado. Após a reunião, o Chico Xavier informou que uma plêiade de poetas da espiritualidade desejava trabalhar por seu intermédio.

Dessa data em diante começou a receber verdadeiro Parnaso do Além, assinado por grandes poetas, antigos e modernos, tais como Júlio Diniz, Antero de Quental, Auta de Souza, Valado Rosas, Azevedo Cruz, Casemiro Cunha, Maria Dolores, João de Deus e tantos outros, paralelamente com mensagens de incomparável beleza, recebidas do Espírito Bezerra de Menezes e muitos outros luminares da Espiritualidade.

Muitas dessas mensagens foram publicadas em órgãos da imprensa espírita, inclusive na revista “Reformador”, órgão da Federação Espírita Brasileira.

Graciosa, de palavra meiga e evangelizada, foi oradora de numerosas semanas e solenidades espíritas no Interior do Estado de Minas Gerais e nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e outras.

Foi oradora da primeira Semana Espírita de Bicas (MG), recebendo ali grande homenagem.

No momento de deixar a cidade, foi cumprimentada por um grupo de espíritas de renome, dentre eles o prof. Leopoldo Machado, Amadeu Santos, Jacques Aboab, Sebastião Lasneau e Germano dos Anjos.

Em sua biografia, escrita no dia 2 de abril de 1977, escreveu: “Terei eu cumprido o programa traçado pelo Alto? Terei eu correspondido às esperanças de Jesus? Senti o meu renascimento vero na data em que me tornei espírita! Aí está a minha vida. Uma vida sem notas singulares, igualzinha a todas as demais que não passaram da craveira comum ...” acrescentando ainda: “O Espiritismo é o meu Céu na Terra, meu farol, minha luz, meu refrigério e tudo de bom que desejei na vida.”

LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves. Personagens do Espiritismo. Edições FEESP, 1982. 1ª edição, SP.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

MENSAGEM - BATEI E ABRIR-SE-VOS-Á

"Batei" para o Evangelho não traduz "mendigai".
Significa "esforçai-vos" e insisti na vitória do Bem.
Não basta pedir para receber.
Não vale unicamente aguardar a fim de encontrar.
A súplica sem trabalho costuma degenerar-se em ociosidade.
E a esperança que não opera acaba sendo inércia.
Abracemos a tarefa de cada dia por bendito instrumento com que nos compete recorrer às fontes da vida.
Atendamos aos próprios encargos, por mais difíceis nos pareçam, com alegria e serenidade, claramente informados de que o direito é algo que nos cabe obter, através da obrigação retamente cumprida.
Com o serviço que se nos atribui, estamos batendo às portas do progresso e do aperfeiçoamento e, pelo próprio serviço, o Senhor nos responderá com as bênçãos da realização e do amor..

Emmanuel
Livro: Seguindo Juntos
Francisco Cândido Xavier