sexta-feira, 30 de novembro de 2007

BIOGRAFIA - PEIXOTINHO

Francisco Peixoto Lins (Peixotinho) - Nasceu na cidade de Pacatuba, Estado do Ceará, no dia 1º de fevereiro de 1905, desencarnando na cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, 16 de junho de 1966.


Seus pais foram Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto. Embora nascido em 1905, para efeito do Registro Civil e, destarte, para todos os efeitos, seu nascimento se deu em igual data do ano de 1907. Bem cedo ficou órfão de pai e mãe e passou a conviver com seus tios maternos, em Fortaleza, Estado do Ceará, onde fez o curso primário. Em seguida matriculou-se no Seminário Católico, de acordo com o desejo de seus tios, que desejavam vê-lo seguir a carreira eclesiástica. No Seminário sofreu várias penas disciplinares por manifestar a seus educadores dúvidas sobre os dogmas da Igreja. Observando as desigualdades humanas, tanto no campo físico como no social, ficou em dúvida no tocante à paternidade e bondade de Deus. Se todos eram seus filhos, por que tantas diversidades? Indagava. Por que razões insondáveis uns nascem fisicamente perfeitos e outros deformados? Uns portadores de virtudes angelicais e outros acometidos de mau caráter? Dizia então: “Se Deus existe, não é esse ser unilateral de que fala a religião católica.” Desejava saber e inquiria os seus confessores, os quais, diante das indagações arrojadas do menino, usavam o castigo e a penitência como corretivo.


Aos 14 anos de idade desistiu do Seminário e, com a permissão dos tios, transferiu-se para o Estado do Amazonas, em busca de melhores dias, enfrentando os trabalhos árduos dos seringais. Ali trabalhou cerca de dois anos, resolvendo voltar para Fortaleza. Nessa fase de sua vida, nele se manifestaram os primeiros indícios de sua extraordinária mediunidade, sob a forma de terrível obsessão. Envolvido por espíritos menos esclarecidos, era tomado de estranha força física, tornando-se capaz de lutar e vencer vários homens, apesar de ter menos de 18 anos e ser fisicamente franzino. Esse estado anômalo acontecia a toda hora e Peixotinho, temendo conseqüências mais graves, deliberou não mais sair de casa. Ali ficou acometido de nova influenciação dos espíritos trevosos, ficando desprendido do corpo cerca de 20 horas, num estado cataléptico, quase chegando a ser sepultado vivo, pois seus familiares o tinham dado como desencarnado.


Depois desse episódio, sofreu uma paralisia que o prostrou num leito de dor durante seis meses. Nessa fase, um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza, movido de íntima compaixão pelos seus sofrimentos, solicitou permissão à sua família, para prestar-lhe socorro espiritual, com passes e preces. Ninguém em sua casa tinha conhecimento do Espiritismo e seus familiares também não atinavam com o verdadeiro estado do paciente, uma vez que o tratamento médico a que se submetia não lhe dava qualquer esperança de restabelecimento. O seu vizinho iniciou o tratamento com o Evangelho no Lar, aplicando-lhe passes e dando-lhe a beber água fluida. A fim de distrair-se, Peixotinho começou a ler alguns romances espíritas e posteriormente as obras da Codificação Kardequiana. Em menos de um mês apresentava sensível melhora em seu estado físico e progressivamente foi libertando-se da falsa enfermidade.


Logo que conseguiu andar, passou a freqüentar o Centro Espírita onde militava o grande tribuno Vianna de Carvalho, que na época estava prestando serviço ao Exército Nacional em Fortaleza. A terrível obsessão foi a sua Estrada de Damasco. O conhecimento da lei da reencarnação veio equacionar os velhos problemas que atormentavam a sua mente, dirimindo todas as dúvidas que o Seminário não conseguira desfazer. Passou assim a compreender a incomensurável bondade de Deus, dando a mesma oportunidade a todos os seus filhos na caminhada rumo à redenção espiritual.


Orientado pelo major Vianna de Carvalho, Peixotinho iniciou o seu desenvolvimento mediúnico. Tornou-se um dos mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos. Por seu intermédio produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela Doutrina Espírita.


Em 1926, foi convocado para o serviço militar e transferido para o Rio de Janeiro, sendo incluído em um batalhão do exército, na Fortaleza de Santa Cruz da Barra. Posteriormente, foi transferido para cidade fluminense de Macaé, no litoral do estado. Ali se dedicou com amor à prática do Espiritismo e, com um grupo de abnegados companheiros, fundou o Centro Espírita Pedro, instituição que por muito tempo se tornou a sua oficina de trabalho.


Em 1933, consorciou-se com Benedita Vieira Fernandes, de cujo matrimônio tiveram vários filhos. Por força da sua carreira militar, foi transferido várias vezes, servindo em Imbituba, Santa Catarina; Santos, São Paulo; no antigo Distrito Federal e em Campos, Rio de Janeiro. Onde chegava, procurava logo servir à causa espírita.


No ano de 1945 passou a servir na Fortaleza de São João, na cidade do Rio de Janeiro, encontrou-se com vários confrades, dentre eles Antônio Alves Ferreira, velho companheiro no Grupo Espírita Pedro, de Macaé. Nessa época passou a freqüentar o Culto Cristão no Lar, realizado sistematicamente na residência daquele confrade. Posteriormente, unindo-se a Jacques Aboab e Amadeu Santos, resolveram fundar o Grupo Espírita André Luiz, que inicialmente funcionou na Rua Moncorvo Filho, 27, onde se produziram, pela sua mediunidade, as mais belas sessões de materializações luminosas, as quais ensejaram ao Dr. Rafael Ranieri a oportunidade de lançar um livro com esse mesmo título. Peixotinho prestava também o seu valioso concurso como médium receitista e curador.


No ano de 1948, encontrando-se pela primeira vez com o médium Francisco Cândido Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, teve a oportunidade de propiciar aos confrades daquela cidade, belíssimas sessões de materializações e assistência aos enfermos. Neste mesmo ano foi transferido da cidade do Rio de Janeiro para a de Santos onde passou a freqüentar o Centro Espírita Ismênia de Jesus.


Em 1949 foi transferido definitivamente para a cidade de Campos, onde participou dos trabalhos do Grupo Joana D’Arc. Fundou também o Grupo Espírita Araci, em homenagem ao seu guia espiritual e que, na última encarnação, fora sua filha. Ao Grupo Aracy Peixotinho dedicou os seus últimos anos de vida terrena.


Peixotinho sofria de broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores, porém ele suportava tudo com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do Evangelho de Jesus, dando de graça o que de graça recebem. Como médium nunca cobrou por seus dotes mediúnicos. Viveu pobre e exclusivamente dos seus vencimentos de oficial da reserva do Exército, reformado que foi no posto de capitão.


Manteve sempre grande zelo pelos princípios esposados por Allan Kardec, em todos os Grupos ou Centros por ele fundados.


Dedicou-se ao tratamento de casos de obsessão, chegando mesmo a, por várias vezes, levar doentes ao próprio lar, onde os hospedava junto de sua família. Passou por testemunhos sérios e sofreu ingratidões que soube perdoar, não desanimando nunca de servir.


Desencarnou às seis horas da manhã do dia 16 de junho de 1966, em Campos, cercado pela família, deixando viúva e nove filhos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

MENSAGEM: TESTE TRÍPLICE

Era um conciliábulo contra os lidadores da Verdade.

Estabeleciam-se as diretrizes do ataque aos corações afeiçoados à lavoura do bem. Cogitava-se de maciça agressão às frágeis criaturas que, fascinadas pela verdade, estavam rompendo as ligações com o passado culposo, ansiando pela liberdade da paz.


Debatidos os antigos métodos de ação eficaz utilizados em outros tentames, verdugo experiente das regiões tenebrosas alvitrou:


- Esses cristãos ora em atuação na Terra são homens e mulheres comuns?


Responderam os demais circunstantes afirmativamente.


- Então não há problemas - arrematou. - Não conheço quem seja capaz de resistir ao teste tríplice: vaidade, dinheiro e sexo.


Houve uma pausa de expectação.


Dando ênfase definitiva e finalista, arengou:


- Insensar-lhes-emos a vaidade, acenando-lhes qualidades que não possuem e o orgulho se encarregará deles, fazendo grassem a dissensão e o despeito, a arrogância e a maledicência. Não há homem ou mulher que agüente. Mas se tal método não obtiver o resultado desejado, estimularemos a ganância do dinheiro. Falaremos por inspiração quanto à necessidade de ganhar mais, acautelar-se em relação ao futuro, comparar-se a outros, transferir tarefas, conseguindo um emprego ou trabalho novo adicional, para desviá-los da ação espiritual a que se afervoram...

E se falhar, teremos o sexo, agora na moda. Sugerir-lhe-emos sobre as vantagens da renovação sexual, atualização dos padrões morais, inutilidade dos sacrifícios espirituais e as imensas concessões da vida moderna no amor livre... Quem suportará?


Ovação geral concordou com o sequaz das sombras e grupos especiais em hipnose sexualista partiram em direção dos novos trabalhadores do Cristo, na Terra.


*


Espírita, meu irmão!
A serviço de Jesus acautela-te do "teste tríplice", vinculando-te em definitivo à conduta do Mestre. Vigia as nascentes do pensamento para que as inspirações anestesiantes não te permitam os sonhos da mentira que te deixarão nos pesadelos da loucura.
Avança no serviço redentor e serve, serve mais, para a própria felicidade.


FRANCO, Divaldo. Sementeira da Fraternidade. Diversos Espíritos. Salvador: BA. LEAL, 1979.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

BIOGRAFIA - ERNESTINA FERREIRA DOS SANTOS

Ernestina Ferreira dos Santos nasceu no dia 1º de janeiro de 1879, no Rio de Janeiro; e desencarnou no dia 16 de novembro de 1953, na mesma cidade.

Era filha de Aristides Gonçalves Ferreira e D. Augusta Dias Ferreira.

Pequenina perdeu o seu pai, ficando aos cuidados de sua boa e dedicada genitora, que lhe deu esmerada educação. Muito franzina, de saúde delicada, aos cinco anos de idade foi acometida de forte dor na perna esquerda; era o início de porose óssea, que lhe desarticulou o quadril. Depois de uma série de operações dolorosíssimas, teve que amputar a cabeça do fêmur, ficando com uma perna mais curta, valendo-lhe anos de intenso martírio; suas dores eram tamanhas que só se podia penetrar no seu quarto nas pontas dos pés, para evitar-lhe perturbações.

Assim, chegou à juventude nesse martírio constante. Rebelou-se com a religião de seus pais, o catolicismo professado por toda a família. Argumentava então: “Eu sinto eu Deus existe, porém não como O apresentam. Porque eu que nunca fiz mal a ninguém, sofro tanto, enquanto tanta gente perversa tem saúde e vive feliz?” O seu avô, que lhe queria muito bem, ficava horrorizado com esse seu pensamento, dizendo: “Vamos rezar, gente, que nossa Nenê está sendo tentada pelo diabo”.

Sua mãe, professora, viúva, pobre e cheia de filhos, foi transferida para Jacarepaguá. Lá conheceu um casal de fazendeiros, pais de nove filhos, casando-se um deles com sua filha mais velha, daí nascendo um romance de outro filho do casal, com Ernestina, sem esperança de se realizar o enlace em virtude da precariedade de seu estado de saúde.

Ignácio Barbosa dos Santos, dois anos mais velho que Ernestina, apaixonou-se pela sua candura. Era de índole boa e amorosa e passou a ser seu par constante, acompanhando-a sem desanimar, apesar de sua enfermidade e de seu estado de fraqueza. Com 17 anos, tendo sofrido sete operações na perna, andava com dificuldade, com dores atrozes. Mesmo assim, ambos se sentiam cada vez mais apaixonados. Por certo eram espíritos compromissados que se reencontravam.

Devido à sua enfermidade, foi levada a procurar um curador de nome Eduardo Silva, em São Paulo, o qual, embora não sendo espirita, era dotado de faculdades mediúnicas. Nessa época um primo seu presenteou-a com um exemplar de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

No decurso da viagem ela leu o livro e sentiu que um novo horizonte se descortinou a seus olhos. Nessa época, quando Eduardo Silva impôs suas mãos sobre ela, fez com que sentisse grande melhora em seu estado físico; no hotel ela notou que suas vestes estavam molhadas com uma secreção. Com novas aplicações de passes, suas dores desapareceram por completo.

Sentindo-se curada, dois anos depois consentiu no casamento, tornando-se esposa e mãe. O seu esposo tornou-se enfermeiro desvelado, com profundo sentimento de proteção para o seu defeito físico.

Anos depois de casados, a moléstia tornou a manifestar-se. O médico aconselhou uma intervenção cirúrgica, porém, surgiu em seu caminho um cidadão que professava o Espiritismo, o qual lhe sugeriu a aplicação de passes, recomendação que ela recebeu com intensa alegria. Nessa época teve a oportunidade de desenvolver a sua mediunidade, dando passividade a um Espírito de nome Ester que, remontando às vidas pretéritas, revelou-lhe as causas do seu sofrimento. Logo em seguida o médico constatou que ela estava radicalmente curada.

Integrando-se no Espiritismo, ela e seu esposo fundaram no próprio lar o “Grupo Espírita Cultivadores da Verdade”, que funcionou algum tempo sob a direção do Sr. Serrão, um amigo da família, tendo posteriormente assumido a sua direção o famoso médium Inácio Bittencourt.

Foi então criado o “Pão dos Pobres”, uma forma de assistência aos necessitados, tendo Ernestina muitas vezes subido os morros, com a ajuda de um garoto, a fim de praticar a sua tarefa assistencial.

Nessa época o seu esposo sofreu um revés financeiro, tendo que liquidar a sua firma. Ernestina fez um concurso na Escola Normal, diplomando-se professora, passando a ajudar o esposo, até que a vida do casal se normalizasse.

A sua aspiração primacial consistia em fundar uma casa para abrigar crianças desamparadas, porém não via possibilidades para isso, pois as disponibilidades eram diminutas; as pessoas que freqüentavam o Grupo eram bastante modestas e pobres. Teresa de Jesus, que se comunicava por seu intermédio, anunciava que, daquela pequenina associação de Pão aos Necessitados, se desenvolveria grande Casa de Caridade, em futuro muito próximo.

No dia 31 de dezembro de 1918, tudo estava pronto para a distribuição no dia seguinte: os pacotes de gêneros, os cortes de fazenda, roupinhas, brinquedos e até dinheiro em envelope, quando alguém bate à porta, entregando uma lista com a importância de novecentos e trinta mil réis, uma fortuna naquela época. Que fazer com aquele dinheiro todo? Pensou Ernestina, e guardou-o para posterior deliberação. No dia seguinte, 1º de janeiro de 1919, fez-se a distribuição habitual. Era Quarta-feira e, naquela noite, realizou-se a sessão. No final, como de costume veio a comunicação de Teresa de Jesus, dizendo: “O dinheiro que entrou à última hora é a semente para a Casa de Caridade que venho anunciando. Será para as criancinhas mais pobres que encontrardes. Trabalhai, que eu vos ajudarei”.

A alegria foi geral. No mesmo instante, lavrou-se a ata da fundação e os presentes inscreveram-se como sócios fundadores. A primeira diretoria do Abrigo “Teresa de Jesus” ficou assim constituída: Presidente, Ignácio Bittencourt; Vice-Presidente, Raul Salgado Zenha; Diretora, Ernestina F. dos Santos; Vice-Diretor, Manoel Santos; Tesoureiro, Antônio Batista Coelho; Vice-Tesoureiro, Samuel Caldas; Secretário, Octávio Pereira Legey; Vice-Secretário, Alexandre Dyott Fontenelle; e Procurador, João Esberard.

A sua abnegação e o seu espírito de trabalho, junto às crianças e aos necessitados, sua alma caridosa e sua bondade personificada valeram-lhe, em 1951, o Diploma e a Medalha de “Honra ao Mérito”, outorgados pela Rádio Nacional, num programa dirigido pelo Dr. Paulo Roberto, destinado a agraciar aqueles que se sobressaíssem pelos benefícios prestados em causas humanitárias.

Não desejamos santificar ninguém, não é esse o nosso objetivo ao desvendar essas grandes vidas, porém mostrá-las como exemplo de abnegação aos pósteros, dizendo-lhes: que mesmo nesta época, em que imperam a maldade e a corrupção, nem tudo está perdido, grandes almas salientam-se pela doçura de sentimentos e força moral, como verdadeiros discípulos de Cristo.

Sua desencarnação deixou à sua retaguarda um rastro de luz, seguido por um punhado de companheiros que, até hoje, sustentam e haverão de sustentar sempre a Casa de “Teresa de Jesus”, instituição modelar no Estado do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

BIOGRAFIA - CARLOS TORRES PASTORINO

Carlos Juliano Torres Pastorino - Nascido em 4 de novembro de 1910 e desencarnado em Brasília - DF em 13 de junho de 1980.

Era mais conhecido por Prof. Pastorino e era filho de José Pastorino e Eugênia Torres Pastorino. Desde criança demonstrou inusitada inteligência e vocação para a vida eclesiástica com apenas 14 anos de idade, em 1924, recebeu os diplomas de Geografia, Corografia e Cosmografia, do Colégio D. Pedro II e, logo em seguida, ainda no mesmo ano, o diploma de Bacharel em Português, no mesmo colégio. Viajou para Roma a fim de cursar o Seminário, onde, em 1929, foi diplomado pelo Cardeal Basilio Pompili, para a Ordem Menor de Tonsura. Formou-se em Filosofia e Teologia em 1932, sendo ordenado sacerdote em 1934.

Abandonou a vida eclesiástica da Igreja Católica Romana, quando, em 1937, aguardava promoção para diácono. Surpreendeu-se com a recusa do Papa Pio XII, em receber o Mahatma Gandhi em seu tradicional traje branco. O Colégio Cardinalício exigia que o grande líder da Índia vestisse casaca, para não quebrar a tradição das entrevistas dos chefes de Estado. O Prof. Pastorino, diante dessa recusa, imaginou que se Jesus visitasse o Vaticano, não se entrevistaria com o Papa, pois vestia-se de forma similar a Gandhi, e jamais se sujeitaria ao rigor exigido pela Igreja.

Regressou de imediato ao Brasil e desenvolveu intensa atividade pedagógica. Ingressou no Instituto Italo-Brasileiro de Alta Cultura, como professor de Latim e Grego, cargo que exerceu de 1937 a 1941. Em 1938, recebeu o registro de Professor de Psicologia, Lógica e História da Filosofia do Ensino Secundário. Foi também professor de Espanhol.

Em paralelo com o magistério, exercia atividades jornalísticas, como correspondente dos Diários Associados . Foi Adido Cultural e Jornalístico da Academia Brasileira de Belas Artes. Sócio de inúmeras Sociedades Esperantistas, no Brasil e no exterior. Delegado especializado (Faka Delegito) da Universidade Esperanto Asocio, com sede na Holanda foi fundador da Sociedade Brasileira de Esperanto, no Rio de Janeiro. Sua bibliografia é extensa, com mais de 50 livros publicados e outros tantos inéditos.

Escritor, jornalista, teatrólogo, radialista, historiador, filólogo, filósofo, professor, poliglota, poeta e compositor. Falava fluentemente vários idiomas, legando-nos inúmeros livros didáticos. Traduziu obras de vários autores ingleses, franceses, espanhóis, italianos, clássicos latinos e gregos.

No dia 31 de maio de 1950, terminava a leitura de O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, que recebera por empréstimo de um seu colega do Colégio D. Pedro II. Nesse dia declarou-se espírita, data que guardava com muito carinho. Passou a freqüentar o Centro Espírita Júlio César, no Grajaú, o qual foi sua escola inicial de Espiritismo. No dia 8 de janeiro de 1951, com um grupo de abnegados companheiros, fundava o Grupo Espírita Boa Vontade, posteriormente mudado para Grupo de Estudos Spiritus, para não haver confusão com a Legião da Boa Vontade.

No Grupo de Estudos Spiritus, nasceu o Lar Fabiano de Cristo, o boletim SEI (Serviço Espírita de Informação). Fundou a Livraria e Editora Sabedoria e a revista com o mesmo nome, prestando relevantes serviços à Doutrina, no terreno cultural.

O professor Carlos Torres Pastorino realizou muitas palestras no Rio de Janeiro e em vários outros Estados. Participou ativamente de Congressos, Semanas Espíritas, Simpósios, Cursos e tantos outros eventos. Fez-se sócio de inúmeras instituições espíritas e colaborou com a imprensa espírita nacional e do exterior. De sua vasta bibliografia espírita, destaca-se Minutos de Sabedoria , que bate todos os recordes de vendagem (sendo considerado o maior best-seller de auto-ajuda no Brasil), já em várias edições Sabedoria do Evangelho, publicado em fascículos na revista Sabedoria e Técnicas da Mediunidade, excelente livro sobre o assunto.

O grande sonho do Prof. Pastorino era criar uma Universidade Livre, para ensinar Sabedoria. Em 1973 recebeu, por doação, do Dr. Miguel Luz, famoso médico paulista, já desencarnado, magnífico terreno numa área suburbana de Brasília, denominada Park Way , onde iniciou as obras da Universidade. Já com algumas dependências construídas, passou a residir no local, para administrá-la. Chegou a realizar vários cursos, estando a sua Biblioteca em pleno funcionamento, com o respeitável número de 8000 volumes, adquiridos ao longo de sua existência, toda voltada para a cultura geral e o bem-estar da Humanidade.

Foi casado com Da. Silvana de Santa M. Pastorino, deixando três filhos maiores e sete netos. Deixou também um casal de filhos menores do segundo casamento.


>>> A Técnica da Mediunidade

Neste livro, Pastorino deslinda, através de inúmeros quadros comparativos, numa ótica cientificista, o fenômeno mediúnico.

A obra, editada em 1968, teve suas edições póstumas proibidas pela família, apegada ao catolicismo.

CITAÇÃO:
"As vibrações, as ondas, as correntes utilizadas na mediunidade são as ondas e correntes de "pensamento". Quanto mais fortes e elevados os pensamentos, maior a freqüência vibratória e menor o comprimento de onda. E vice-versa. (...) Tudo isso faz-nos compreender a necessidade absoluta de mantermos a mente em "ondas" curtas, isto é, com pensamentos elevados, para que nossas preces e emissões possam atingir os espíritos que se encontram nas altas camadas.'"


Obras publicadas
  • Técnica da Mediunidade, Rio de Janeiro, Sabedoria, 1973 (2ª ed.).
  • Sabedoria do Evangelho, Rio de Janeiro, Spiritus (vários volumes)
  • Minutos de Sabedoria, Rio de Janeiro, Spiritus, 1966 (atualmente editado pela "Vozes", católica)
  • Teu filho, tua vida, Rio de Janeiro, Spiritus, 1966
  • Tua mente, tua vida, Rio de Janeiro, Spiritus, 1966

Baseado no livro: Personagens do Espiritismo de Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy - Ed. FEESP - 1ª ed. - 1982 - SP - Brasil

BIOGRAFIA - CARLOS IMBASSAHY

Nascido em 9 de setembro de 1884, doutor Carlos Imbassahy enfrentou galhardamente a passagem do século vivendo até 1969, quando desencarnou antes de completar seus 85 anos de existência bem vivida.
Em 1901 era um jovem advogado que militava nos meios forenses, tendo sido nomeado por concurso público Promotor Público na comarca de Andaraí, uma cidade interiorana do seu estado natal, a Bahia.
A vida forense não lhe sorriu e, como conta, no livro Memórias Pitorescas do Meu Pai, o doutor Imbassahy se deparou com um Juiz ciumento, achando que todos cobiçavam sua distinta consorte (ou sem sorte) e mais os políticos da região, todos armados e determinando a conduta dos demais.
Não podendo cumprir sua função, foi obrigado a largar a magistratura, vindo para o Rio de Janeiro, onde, ainda por concurso, ingressou na carreira de Estatístico do Ministério da Fazenda.
Foi aí que conheceu Amaral Ornelas, o grande poeta espírita, com o qual fez amizade e teve seus primeiros contatos com o estudo doutrinário.
Não vamos repetir aqui o que o livro de suas memórias, já citado, narra.
Por esta época, já dedicado à literatura, havia escrito seu primeiro romance, intitulado Leviana e que era um pouco da sua própria história com a fantasia do literato, juntado outros fatos ao enredo, a fim de criar a trama romântica.
Como ainda não era espírita, o autor imprimiu no livro a sua já configurada tendência para o conhecimento dos estudos referentes à doutrina codificada por Kardec.
Assas curioso tal fato e, posteriormente, ele próprio, já desencarnado, veio complementar a obra, dando-lhe as explicações espirituais que envolviam a trama. A segunda edição deste romance sairá com este apêndice literário mediúnico.
Acumulando com as suas funções de funcionário público, o Dr. Imbassahy também exercia a profissão de jornalista, chegando a ser o Redator-chefe e Diretor da Revista da Estrada de Ferro, além de trabalhar na redação de jornais diários do Rio de Janeiro.
Foi assim que acabou sendo convidado para se tornar redator da revista O Reformador publicada pela Federação Espírita Brasileira (FEB), ocupando o cargo de secretário durante longos anos.
Junto com seu amigo Amaral Ornelas e com Bernardino Oliva da Fonseca Filho, o Bebé, grande médium psicógrafo, fundaram os três um Centro Espirita em cuja presidência os mesmos se alternavam.
Todavia, suas atribuições não impediam que participasse ativamente do movimento espírita onde foi lançado como orador pelo próprio Ornelas.
Adotou um estilo novo de expor, procurando alternar os ensinamentos doutrinários com assuntos leves e até mesmo jocosos que fossem capazes de atrair a atenção dos seus ouvintes. Com isso, aos poucos, foi criando Escola, apesar de combatido pelos mais austeros líderes do movimento espírita.
Mesmo, pertencente à direção da revista editada pela FEB, ele ainda não tinha tido conhecimento dos trabalhos de J. B. Roustaing sobre o docetismo cristão que este autor tentara implantar no meio espírita de França e que a FEB resolvera seguir.
Foi quando um padre, em Juiz de Fora, resolveu atacar o Espiritismo. Os companheiros de Doutrina acharam por bem pedir socorro à casa máter, isto é, à FEB que, para atendê-los, indicou o Dr. Imbassahy. Este deveria comparecer àquela cidade, dita manchester mineira, para rebater as acusações do membro eclesiástico da Igreja.
Na hora em que embarcou, por ferrovia, para a aludida cidade, um dos diretores, para ajudá-lo, entrega-lhe os volumes traduzidos pela própria FEB, da obra de Roustaing, dizendo-lhe:- Imbassahy: aqui você encontrará tudo o que precisa par acabar com o padre!
E o enviado para combater o eclesiástico em Juiz de Fora aproveitou a viagem para estudar a obra que ainda não conhecia. Começou a lê-la. Sua razão, evidentemente, fê-lo estarrecer-se do conteúdo - ao qual considerou absurdo - daquela obra que tinha em mãos.
O principal tópico dos debates seria a ressurreição de Lázaro e quando Dr. Imbassahy leu as explicações dadas pela comunicação mediúnica à Sr.ª Collignon, ficou horrorizado, pensando no fiasco que faria se apresentasse aquilo como argumento para debate.Foi seu primeiro contato e sua primeira decepção com Roustaing.
Segundo ele, sua grande sorte foi a de que o Padre, no dia do debate, resolveu se ausentar da cidade e ele, “magnanimamente”, preferiu não abordar os temas em foco.
Como era muito amigo dos diretores da FEB, suas atribuições ante a revista, como jornalista, não sofreram qualquer abalo.Os tempos se passam e desencarna o presidente Guillon Ribeiro. Elegem para substituí-lo um jovem militante roustainguista que tinha outra visão da Doutrina e que achava fundamental que todos os participantes dos cargos diretivos da Federação Espírita Brasileira fossem não apenas adeptos, mas militantes professos do roustainguismo. E, com isso, Dr. Imbassahy, praticamente, foi excluído do seu cargo e afastado, a bem da comunidade, do movimento federacionista.
Mas, à essa altura, seu lastro doutrinário e sua fama de escritor já lhe haviam coroado a carreira literária. Foi dessa forma que seus novos livros encontraram uma série de editores fora do contexto febiano para serem publicados.
E sua bagagem foi enriquecida com excelentes livros cujas edições esgotadas mereciam nova republicação.Afastado da FEB, passou a ser um dos grandes expoentes, ao lado de seu querido amigo e conterrâneo Leopoldo Machado, o baluarte dos movimentos espíritas que não tinham apoio daquela entidade.
Assim foi orador oficial do Congresso Sul-americano de Espiritismo realizado no Rio de Janeiro, participou de todos os congressos de Escritores e Jornalistas Espíritas realizados no Brasil, até seu desencarne, incrementou o movimento de jovens e teve importante participação junto ao I (e único) Congresso Brasileiro de Mocidades Espíritas, enfim, destacou-se sobremodo pelo apoio que sempre deu às Semanas Espíritas e a quaisquer atividades doutrinárias que tivessem como escopo a difusão do Espiritismo.
Junto com sua esposa, participou do Teatro Espírita, encenando esquetes e pequenas peças ou entreatos durante Semanas Espíritas, escrevendo, até, uma comédia intitulada Firma Roscof e Cia, incentivando os jovens espíritas à arte pura e sadia, enfim, como literato, como jornalista e como expositor doutrinário, realizou uma obra gigantesca que, sem dúvida, deixou um marco indelével em nosso século 20.
São inúmeros os casos pitorescos de sua vida, contados em livro e que merecem ser lidos por todos. Além de divertir, mostra a verve de um grande baluarte da Doutrina que soube aliar a difusão doutrinária com a arte, com sabedoria.
Dr. Alberto de Souza Rocha e o filho do Dr. Carlos reuniram numa obra uma série de documentos do Dr. Imbassahy que ainda não veio a lume porque nosso querido companheiro Alberto desencarnou antes de completar seu trabalho. São acervos do arquivo pessoal do grande escritor, com cartas particulares, inclusive uma endereçada a Wantuil de Freitas quando presidia a FEB que é um libelo terrível contra o roustaingismo.
Não poderia falar do Dr. Imbassahy sem fazer uma especial referência à sua esposa, dona Maria, médium de excelentes predicados e que era seu braço forte, no incentivo e em tudo mais que uma companheira dedicada e apaixonada pode fazer por seu marido.
Discorrer sobre o casal, seria escrever outro livro.
Dona Maria também era uma excelente comediante, só que nunca se dedicou à profissão, senão, participando ao lado do esposo em sua apresentações cênicas no meio espírita. Faziam um par impagável e juntaram-se ao Olympio Campos, outro excelente ator que, depois de crescido, órfão de pais, elegeu o casal para ser seus novos genitores. Os três juntos faziam as cenas de humor nas Semanas Espíritas de que participavam, mostrando que a arte sadia também tem lugar dentro do movimento espírita.
O casal Imbassahy teve um único filho, o Carlos, por quem se redobravam em cuidados, coisa comum de pais que têm filho único.
Dr. Imbassahy teve uma vida de glórias. De um comportamento espiritual exemplar, nunca faltou àqueles que lhe pediam ajuda. Certa vez, um pobre camundongo, fugindo à fúria dos seus perseguidores, procurando abrigo sob o salto de seu sapato, não foi denunciado, porque Dr. Imbassahy não teve coragem de delatar o roedor que procurou salvação junto a ele.
Foram inúmeros e sinceros os seus amigos. São casos altamente pitorescos os que envolvem o seu relacionamento com eles. Coisas curiosas que recomendam a leitura das suas memórias.
Finalmente, aos 84 anos, foi acometido de uma leucose aguda que, em pouco mais de seis meses, levou-o à sepultura. Seu enterro (04-08-69), concorridíssimo, deixou uma lacuna dentro do movimento espírita.

sábado, 17 de novembro de 2007

MENSAGEM: MÉDIUM ESPÍRITA

Estamos apresentando neste tópico uma Mensagem do Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier, intitulada MÉDIUNS ESPÍRITAS, do livro: "Contos desta e doutra vida", publicada na Revista "Reformador - Janeiro/07", para conhecimento e comentários do(a)s amigo(a)s interessado(a)s no estudo da Mediunidade segundo a Doutrina dos Espíritos.

Seja bem-vindo, participe, dê a sua opinião ou coloque as suas dúvidas !!!

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Você quer saber, meu amigo, a maneira pela qual os médiuns são interpretados na Vida Espiritual.
Creio não tenhamos aqui qualquer diferença no padrão de aferi-los. Contudo, diante do apreço com que a sua indagação está formulada, será lícito alinhavar algumas notas em torno do assunto, ainda mesmo somente para dizer que, para nós, Espíritos desencarnados, os médiuns são criaturas humanas como as outras.
Admito, porém, que devemos qualificá-los, para determinar situações e definir responsabilidades.
Em boa sinonímia, a palavra médium designa o intermediário entre os vivos e os mortos, ou melhor, entre os encarnados e desencarnados.
Você não ignora que a existência de sensitivos habilitados a estabelecer o intercâmbio do homem com o Mais Além corresponde, em todos os tempos, a necessidades fundamentais da mente humana. Antigamente, eram chamados oráculos, magos, sibilas e pitonisas e achavam-se em Tebas, Jerusalém, Olímpia, Roma... Ontem classificados por bruxos e feiticeiros, viam-se lançados às fogueiras da Idade Média pelo fanatismo religioso. E, se examinados pelo prisma da simples curiosidade, são igualmente médiuns, nos dias de hoje, os videntes e psicômetras, faquires e adivinhos, habitualmente remunerados, que pululam nas metrópoles modernas.

À vista disso, presumimos seja recomendável denominar MÉDIUNS ESPÍRITAS os medianeiros em tarefas nas casas espírita-cristãs, de vez que todas as pessoas que estejam agindo sob a influência dos que já se desenfaixaram do veículo físico são médiuns. Lutero, ouvindo vozes do Mundo Espiritual, era médium reformista. Teresa d’Ávila relatando visões de outros planos, era médium católica. E ninguém pode negar que, em condições inferiores, quantos se movimentem, dominados por entidades perturbadas ou infelizes, sejam também médiuns. Assim é que MÉDIUNS ESPÍRITAS, em nosso despretensioso parecer, ”são aqueles que se dispõem a interpretar as Inteligências domiciliadas nas regiões espirituais, seareiros do bem, consagrados à Doutrina do Espiritismo, indicada a restaurar os princípios cristãos na Terra”.
Falemos, assim, dos MÉDIUNS ESPÍRITAS, nossos companheiros de ideal e de luta.
Não cremos sejam eles de estalão incomum. São individualidades terrestres, positivamente naturais. Tanto assim que os MÉDIUNS ESPÍRITAS devem ter profissão e vida social digna.
Nada os impede de casar e constituir a própria família, quando desejem tomar compromissos no matrimônio.
Não se lhes pode exigir certidão de santidade, entre os seres humanos de cujas características participam; entretanto, qual ocorre com todos os seres humanos responsáveis, são convocados a lutar contra as tentações que lhes aguilhoam a carne.

Os problemas do sexo, de modo geral, nas organizações mediúnicas, são parecidos com os das outras pessoas. Inquietações, frustrações, inibições, exigências, anseios... No entanto, como acontece a todas as pessoas interessadas na educação própria, são convidados pelas circunstâncias a se conformarem nas provações orgânicas que tenham trazido ao renascer, tanto quanto a honrarem o lar que porventura hajam erguido, mantendo carinho e fidelidade para com o companheiro ou a companheira, sem trilhas de acesso à devassidão ou à poligamia. Em suma, no que tange às ligações afetivas, carecem de hábitos morigerados, no interesse real deles mesmos, competindo-lhes viver em paz com a natureza e com os imperativos da reta consciência, na intimidade doméstica.
No que reporta à alimentação, estamos convictos de que lhes é permitido comer de todos os acepipes, consumidos por homens e mulheres de bom senso, escusando-se à gula, ao álcool e aos agentes tóxicos. E, na apresentação social, decerto não necessitam mostrar a palidez e o desconsolo dos primitivos ascetas, a fim de evidenciarem a própria fé; entretanto, nada justifica se exibam nos excessos de disparates que se praticam, de tempos a tempos, em nome da moda.
Evidentemente que os instrutores desencarnados anelam sejam eles criaturas modestas sem afetação e respeitáveis sem luxo, com disciplinas de atividade e repouso, banho e oração.
Atribui-se-lhes a obrigação de estudar sempre, elevando o nível dos conhecimentos que possuam, compreendendo-se que o Espiritismo não aplaude a ignorância, e cabe-lhes trabalhar intensamente, na extensão do conhecimento espírita, notadamente no socorro ao próximo, porquanto MÉDIUNS ESPÍRITAS não existem sem a cobertura da caridade, e é forçoso que sirvam espontaneamente, persuadidos de que, auxiliando os outros, auxiliam a si mesmos, para que não estejam no apostolado mediúnico, que é construção cristã de bondade e alegria, instrução e conforto, esclarecimento e progresso, lembrando animais descontentes, atrelados à canga.

"Em hipótese alguma devem cobrar honorários pelos benefícios que prestem” e, em nenhum momento, se justificará qualquer iniciativa tendente a situá-los em regime de privilégios, mas, também por serem MÉDIUNS ESPÍRITAS, não será justo que se lhes tumultue o lugar de trabalho, aniquilando-se-lhes a possibilidade do ganha-pão honesto, em nome do bem, e nem é lícito, a pretexto de fraternidade, que se lhes convulsione a residência e se lhes devasse a vida. Por serem MÉDIUNS ESPÍRITAS, não estão obrigados a fazer tudo o que se lhes peça, a título de beneficência ou solidariedade, e nem a assumir atitudes em desacordo com a própria consciência, para satisfazer ao sentimentalismo superficial, inferindo-se que pela mesma razão de serem MÉDIUNS ESPÍRITAS é que precisam agir com segurança e discernimento, convictos de que não podem e nem sabem tudo, porque saber e poder tudo é apanágio de Deus.
Indiscutivelmente, se lançam a mediunidade a influências políticas ou discriminações sociais, deixam de ser MÉDIUNS ESPÍRITAS, porque o Espiritismo se baseia no Cristianismo vivo, que considera irmãos todos os homens, com o dever de os mais fortes se constituírem apoio aos mais fracos.

Não, não conhecemos MÉDIUNS ESPÍRITAS maiores ou menores. Todos são credores de estima e acatamento, na prática criteriosa das faculdades que exerçam. No dia em que os espíritas ou os Espíritos intentassem estabelecer qualquer casta mediúnica, os MÉDIUNS ESPÍRITAS desapareceriam, porquanto surgiriam, em lugar deles, toda uma nobiliarquia religiosa. Todos sabemos que, perante os ensinamentos do Cristo, rótulos e brasões, comendas e apelidos honoríficos, embora respeitáveis nas convenções políticas do mundo, são, diante do Evangelho, autênticas patacoadas.
E, quanto aos MÉDIUNS ESPÍRITAS que se esforçam pelo engrandecimento da verdade e do bem, oferecendo de si quanto lhes é possível, em louvor dos semelhantes, tratemo-los com o apreço que nos merecem, mas fujamos de perdê-los com lisonja e idolatria.
Se você encontra demasiada severidade em nossas opiniões, recorde o conceito do próprio Cristo, quando definiu o maior no Reino de Deus como sendo aquele que se fizer, na Terra, o servidor de todos.
Não desconhecemos que nós, Espíritos desencarnados e encarnados, em dívidas volumosas perante a Lei, estamos atualmente procurando reviver o Evangelho, na Doutrina Espírita, e, compulsando o Evangelho, é fácil verificar que, em torno de Jesus, apareciam talentos de renovação e oportunidades de trabalho para todos, mas não houve adulações e nem medalhas para ninguém.

Espírito X, médium Chico Xavier.
Fonte: Livro “Contos desta e doutra vida”.
Publicação: Revista “Reformador – Jan.2007” – FEB.

domingo, 11 de novembro de 2007

BIOGRAFIA - BENEDITA FERNANDES

Benedita Fernandes nasceu aos 27/6/1883 em Campos Novos de Cunha (SP) e desencarnou em Araçatuba aos 9/10/1947.

O ingresso de Benedita Fernandes nas ações espíritas foi muito peculiar. Portadora de atroz obsessão, autêntica subjugação, Benedita perdeu o contacto com a família e perambulava sem rumo.

Certa feita, causava tantos incômodos à população que foi recolhida à Cadeia Pública da cidade de Penápolis. Àquela época não existiam hospitais ou atendimentos para tal fim. O carcereiro Padial e depois o sr. Marcheze deram assistência à mulher doente, principalmente com passes. Ela recobrou a consciência e resolveu rumar para Araçatuba.

Como gratidão pelo benefício, a mulher simples, negra e semi-analfabeta, juntamente com outras lavadeiras começou a erguer casinhas de madeira no então Bairro Dona Ida (hoje Santana), nos idos de 1927.

Benedita transformou-se em pioneira da assistência social espírita em toda a região Noroeste do Estado de São Paulo, ao fundar a Associação das Senhoras Cristãs, aos 6/3/1932, em Araçatuba.

Como esta obra originou o Sanatório; ela é também, provavelmente, uma das pioneiras dos Hospitais Psiquiátricos Espíritas.

A reunião para fundação da Associação ocorreu nas dependências do Centro Espírita “Paz, Amor e Caridade”, no mesmo bairro. Entre os presentes, destacamos o pioneiro do movimento espírita araçatubense, o sr. Gedeão Fernandes de Miranda.

A ação assistencial se desdobrou com inauguração do prédio próprio em 1933. Por exigência dos órgãos governamentais, o trabalho foi desdobrado em duas ações específicas, de atendimento a doentes mentais e a crianças órfãs e carenciadas. Assim, surgia a “Casa da Criança” e o Asilo “Dr.Jaime de Oliveira”. Estas instituições foram, respectivamente, desativada e transformado em Sanatório que homenageia Benedita, nos anos 50, após a desencarnação da fundadora.

Benedita Fernandes também oferecia uma classe de aula em convênio com a Prefeitura Municipal e mantinha um albergue noturno.Além da obra assistencial atuou como médium, principalmente passista, e deixou muitos exemplos nobilitantes. Inclusive Benedita Fernandes atendeu, com passes, a nossa bisavó materna.

Benedita Fernandes tornou-se igualmente uma das pioneiras do atual movimento de unificação dos espíritas quando fundou aos 30/8/1940 a União Espírita Regional da Noroeste, sendo eleita sua presidente. Todavia, este movimento, na realidade, somente vicejou com a fundação da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, em 1947.

Assim, Benedita atuava no movimento espírita da cidade, fazia visitas e campanhas na região. Mantinha correspondência com Cairbar Schutel, que sempre publicava notícias sobre o trabalho dela no histórico jornal “O Clarim”. Era visitada por lideranças expressivas como João Leão Pitta e por Leopoldo Machado. Inclusive a este acompanhou até uma histórica confraternização espírita na cidade de Cruzeiro, SP. O pioneiro dr. Tomaz Novelino (de Franca, SP) também se refere a reunião que participou com Benedita, a propósito de doentes mentais.

Emília Santos, igualmente biografada, e muitos líderes da época foram colaboradores de Benedita. Ela contava com o apoio de autoridades municipais e estaduais, dos espíritas, da maçonaria e do povo em geral.

Há muitos episódios enobrecedores sobre sua dedicação à causa do bem, entremeados da interação com a comunidade.

Atualmente, suas antigas obras restringem-se ao Sanatório “Benedita Fernandes”. Como homenagem, a rua do Sanatório, no Bairro Santana, também tem seu nome. Temos localizado inúmeras instituições espíritas de São Paulo e de outros Estados que têm seu nome designando instituições espíritas ou departamento delas.

Um fato que contribuiu para divulgar o trabalho de Benedita Fernandes, foi uma mensagem psicografada por Francisco Xavier, intitulada “Num Domingo de Calor”, assinada por Hilário Silva, e publicada pelo “Anuário Espírita 1964” (IDE).

Comentamos essa mensagem nos nossos livros “Dama da Caridade” e “Chico Xavier – o homem e a obra”:“Benedita Fernandes, abnegada fundadora da Associação das Senhoras Espíritas Cristãs, de Araçatuba, no Estado de São Paulo, foi convidada para uma reunião de damas consagradas à caridade, para exame de vários problemas ligados a obras de assistência. E porque se dedicava, particularmente, aos obsidiados e doentes mentais, não pode esquivar-se.
Entretanto, a presença da conhecida missionária causava espécie.
O domingo era de imenso calor e Benedita ostentava compacto mantô de lã, apenas compreensível em tempo de frio.
– Mania! – cochichava alguém, à pequena distância.
– De tanto lidar com malucos, a pobre espírita enlouqueceu... – dizia elegante senhora à companheira de poltrona, em tom confidencial.
– Isso é pura vaidade, – falou outra – ela quer parecer diferente.
– Caso de obsessão! – certa amiga lembrou em voz baixa.
Benedita, porém, opinava nos temas propostos, cheia de compreensão e de amor.
Em meio aos trabalhos, contudo, por notar agitações na assembléia, a presidente alegou que Benedita suava por todos os poros, e, em razão disso, rogou a ela que tirasse o mantô por gentileza.
Benedita Fernandes, embora constrangida, obedeceu com humildade e só aí as damas presentes puderam ver que a mulher admirável, que sustentava em Araçatuba dezenas de enfermos, com o suor do próprio rosto, envergava singelo vestido de chitão com remendos enormes.
Hilário Silva(Página inédita, recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião da noite de 27/7/63).

Nos anos 70 e 80, Divaldo Pereira Franco psicografou várias mensagens de autoria de Benedita Fernandes. Algumas foram psicografadas por Divaldo, durante visita a Araçatuba. Estas estão incluídas em livros do mesmo médium.

Por ocasião do cinqüentenário de suas obras lançamos um livro sobre Benedita – “Dama da Caridade”, inicialmente editado pela então União Municipal Espírita de Araçatuba, onde reunimos informações sobre a vida e a obra da notável obreira, bem como as mensagens espirituais dela ou alusivas a ela.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

MENSAGEM: ABENÇOA E PASSA

Abençoa e Passa

Não basta recear a violência.
É preciso algo fazer para erradicá-la.
Indubitavelmente, as medidas de repressão, mantidas pelos dispositivos legais do mundo, são recursos que a limitam, entretanto, nós todos, - os espíritos encarnados e desencarnados, - com vínculos na Terra, podemos colaborar na solução do problema.
Compadeçamo-nos dos irmãos envolvidos nas sombras da delinqüência, a fim de que se nos inclinem os sentimentos para a indulgência e para a compreensão
Tanto quanto puderes, não participes de boatos ou de julgamentos precipitados, em torno de situações e pessoas.
Silencia ante quaisquer palavras agressivas que te forem dirigidas, onde estejas, e segue adiante, buscando o endereço das próprias obrigações.
Não eleves o tom de voz, entremostrando superioridade, à frente dos outros.
Não te entregues à manifestações de azedume e revolta, mesmo quando sintas, por dentro da própria alma, o gosto amargo dessa ou daquela desilusão.
Respeita a carência alheia e não provoques os irmãos ignorantes ou infelizes com a exibição das disponibilidades que os Desígnios Divinos te confiaram para determinadas aplicações louváveis e justas.
Ao invés de criticar, procura o lado melhor das criaturas e das ocorrências, de modo a construíres o bem, onde estiveres.
Auxilia para a efevação, abençoando sempre.
Lembra-te: o morrão aceso é capaz de gerar incêndios calamitosos e, às vezes, num gesto infeliz de nossa parte, pode suscitar nos outros as piores reações de vandalismo e destruição.
Xavier, Francisco Cândido.
Da obra: Atenção.
Ditado pelo Espírito Emmanuel
* Esta é a primeira mensagem do mês de novembro/07.
Muita paz a todos ...